Relatório de organismo europeu dá conta de que a comunidade portuguesa enfrenta grandes desafios nas áreas do trabalho, eduação e habitação. Estudantes lusos têm duas vezes mais probabilidades de abandonar o ensino.
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Segundo a Comissão Europeia contra o Racismo e Intolerância, os portugueses estão entre os grupos de cidadãos que estão a ser alvo de discriminação no Luxemburgo.
O documento do organismo, que pertence ao Conselho da Europa (CoE), revela que os maiores problemas foram detetados nas áreas do emprego, da educação e da habitação.
"A integração profissional dos requerentes de asilo e dos refugiados continua a ser um grande desafio. Os estrangeiros ou filhos de pais de cidadania estrangeira, especialmente portugueses, ainda enfrentam desafios significativos na educação", pode ler-se no relatório.
"Estão sobrerrepresentados na vertente profissional/técnica nas escolas secundárias e têm duas vezes mais probabilidades de abandonar precocemente o ensino e a formação", esclarece o documento, acrescentando que o acesso à habitação é outra dificuldade.
"Os estrangeiros, especialmente os afrodescendentes e os cidadãos portugueses, são frequentemente discriminados quando procuram alojamento para alugar", reconhece o CoE.
De acordo com o organismo, o "sentimento xenófobo" no Luxemburgo "aumentou significativamente durante a pandemia" de covid-19, sendo que a origem étnica foi o motivo mais frequente de discriminação e que os mais visados foram os cidadãos portugueses.
Combater o bullying escolar
A comissão recomenda, assim, às autoridades do Luxemburgo que atribuam poder aos organismos responsáveis para que possam conduzir investigações e que criem um centro de monitorização de bullying escolar capaz de lidar com casos de "racismo e LGBTIfobia".
Além disso, sugerem a aposta num "sistema abrangente de monitorização do discurso de ódio", envolvendo polícia, Governo e tribunais, e a elaboração de um questionário destinado a vítimas ou testemunhas deste tipo de incidentes.
De recordar que o Luxemburgo contabilizava 645.497 habitantes em janeiro de 2022 e a população estrangeira representava 47,1% do total (304.167). A maioria (80,8%) destas pessoas era de estados-membros da União Europeia, sendo que os portugueses eram a maior comunidade, com 30,8% deste grupo, à frente de França (16,2%), Itália (7,9%), Bélgica (6,4%) e Alemanha (4,2%).