O líder da Renamo, maior partido de oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, considerou, esta quarta-feira, que a posse de Filipe Nyusi como presidente da República, na quinta-feira, "é ilegal" e que vários estadistas estarão ausentes por "vergonha" após uma fraude eleitoral.
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"Essa tomada de posse é ilegal", declarou Afonso Dhlakama, líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), num comício na cidade de Chimoio, Manica, anunciando que, no dia da investidura de Filipe Nyusi, estará em Quelimane, Zambézia, província do centro de Moçambique atingida por cheias de grandes proporções.
Dhlakama e a Renamo contestam os resultados das eleições gerais de 15 de outubro, que deram a vitória à Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), nas legislativas, e ao seu candidato presidencial, Filipe Nyusi, alegando numerosas irregularidades eleitorais, entretanto rejeitadas pelo Conselho Constitucional.
Para o líder da Renamo, seria "incoerente" assistir à cerimónia de posse de Nyusi, do mesmo modo que considera que a ausência de vários líderes africanos e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa é justificada por "vergonha e ressentimento" após as alegadas fraudes eleitorais.
A Renamo já tinha boicotado as posses de quatro assembleias provinciais no dia 9 e da Assembleia da República, na segunda-feira.
A diplomacia de Maputo anunciou na terça-feira as presenças na posse de Nyusi de cinco chefes de estado: Portugal, Lesoto, Tanzânia, Malaui e Namíbia.
"Todos sabem que o Nyusi não ganhou, por isso muitos presidentes europeus e africanos sentem vergonha e não vão participar da investidura", afirmou Dhlakama, adiantando que entende a presença de Portugal, "forçada pelo ressentimento de colonização" e o "desprezo de outros governos" ao mandar ministros.
Apesar de considerar a investidura ilegal, o líder da Renamo espera que o novo presidente possa "resolver pendências" deixadas pelo chefe de Estado cessante, Armando Guebuza, sobretudo quanto ao acordo de cessação de hostilidades, assinado a 5 de setembro, e a integração da sua guarda residual na polícia e Forças Armadas de Defesa de Moçambique.