Pouco espaço e muito ruído: Estudo revela como orcas e golfinhos vivem em cativeiro
Espanha é o país europeu com maior número de delfinários (oito). Um estudo da Fundação para o Aconselhamento e Ação em Defesa dos Animais (FAADA), realizado entre 2023 e 2025, alerta que as condições nestas instalações não asseguram o bem-estar dos animais.
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A investigação explica que os 75 golfinhos, quatro orcas e quatro baleias belugas em cativeiro são usados como atração em apresentações para grandes públicos, onde realizam acrobacias, levantam treinadores e chegam mesmo a estar fora da água. Em seis desses espaços, os visitantes podem tocar nos animais ou interagir com eles mediante pagamento, que varia entre 99 e 490 euros, dependendo da exclusividade e duração da atividade.
Para Andrea Torres, bióloga e coordenadora da FAADA, citada pelo "El País", estes recintos funcionam como "circos aquáticos" que exploram os cetáceos "para fins de entretenimento e interesses comerciais". Andrea Torres considera a prática incoerente, já que a lei de bem-estar animal proibiu desde 2023 o uso de animais selvagens em circos, embora tenha excluído jardins zoológicos. Para a bióloga, a maioria dos locais que alimentam estas práticas priorizam o entretenimento e "não atendem aos objetivos de pesquisa, conservação e educação, estabelecidos por lei".
Segundo o relatório, apenas 16% do tempo dos espetáculos é dedicado a conteúdos educativos. Enquanto alguns centros organizam apenas uma sessão diária, outros chegam a realizar quatro, com música em níveis superiores ao recomendado para o bem-estar animal. Além disso, as piscinas são frequentemente pequenas, sem elementos naturais, o que a fundação denuncia como "completamente inadequado" para espécies que, em ambiente selvagem, percorrem centenas de quilómetros por dia.
O presidente da Associação Ibérica de Zoos e Aquários, Javier Almunia, refuta a informação e sublinha que existem regulamentos e inspeções que salvaguardam os animais. O dirigente acredita que as reclamações da FAADA carecem de base científica. Em relação ao tamanho das piscinas, esclarece que "não está comprovado que um espaço específico melhore seu bem-estar", como demonstrado pelas dificuldades de adaptação experimentadas por duas belugas transferidas para um santuário na Islândia, uma baía cercada pelo mar. De acordo com o "El País", Javier Almunia também minimiza a perturbação sonora, alegando que o som não penetra na água.
A FAADA sustenta, no entanto, que Espanha está atrasada em relação à comunidade internacional. Na União Europeia, pelo menos 14 países não possuem esse tipo de estruturas, e a Bélgica, a Finlândia, a Itália e o Reino Unido adotaram regulamentos muito específicos. Na França, os espetáculos de cetáceos vão passar a ser proibidos a partir de janeiro de 2026.
A recolha de dados envolveu visitas a instalações em funcionamento (quatro nas Ilhas Canárias, duas na Comunidade Valenciana, uma na Catalunha e uma nas Ilhas Baleares) onde foram analisados preços, sinalização e espetáculos.
A fundação, em conjunto com a ativista Olivia Mandle, exige o fim dos números de acrobacias, música e comportamentos artificiais, defendendo apenas apresentações educativas sem a entrada de treinadores na água. Além disso, pede a proibição do contacto direto entre visitantes e animais, a suspensão da reprodução em cativeiro e o impedimento da abertura de novos delfinários no país.