O presidente da Colômbia, Ivan Duque, ordenou na sexta-feira o envio do exército para as ruas da cidade de Cali, epicentro dos protestos violentos que decorrem há mais de um mês e já causaram dezenas de mortos.
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O presidente colombiano anunciou o destacamento a partir da localidade de 2,2 milhões de habitantes, terceira maior cidade do país, situada no departamento de Vale do Cauca, onde presidiu a um conselho de segurança.
"A partir desta noite começa o destacamento máximo da assistência militar à polícia nacional na cidade de Cali", disse Ivan Duque, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Os violentos protestos fizeram pelo menos mais três mortos na cidade na sexta-feira, incluindo um procurador de Cali que disparou contra a multidão, antes de ser linchado pelos manifestantes.
Com estas mortes, sobe para 49 o total de pessoas que perderam a vida desde o início da contestação social, há mais de um mês, contra o Governo do conservador Ivan Duque, incluindo dois agentes da Polícia, segundo uma contagem da agência de notícias AFP.
No entanto, a rede de organizações da sociedade civil local "Defender a Liberdade: Um Assunto de Todos" elevou na sexta-feira para 59 as vítimas mortais nos protestos contra o Governo colombiano.
O porta-voz Óscar Ramírez sublinhou que o uso desproporcionado da força contra os manifestantes por parte das autoridades policiais e o uso indevido de armas de fogo deixaram 866 pessoas feridas, 51 delas com lesões oculares.
A organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch contabilizou 61 mortos.
As violentas manifestações, duramente reprimidas pelas forças policiais, e a maioria das mortes, foram registadas no departamento de Vale do Cauca, região marcada pela pobreza, racismo, tráfico de drogas e ainda pelo ressurgimento do conflito com um grupo dissidente das FARC, após os acordos de paz assinados com a guerrilha em 2016.
O governo afirma que os guerrilheiros se infiltraram nos manifestantes para provocar vandalismo e atacar as forças de segurança.
Os protestos começaram em 28 de abril, contra um projeto de reforma fiscal do presidente de direita, rapidamente abandonado, que visava aumentar o IVA e alargar a base do imposto sobre os rendimentos.