O presidente angolano, João Lourenço, pediu aos novos administradores da Sonangol, empossados após a exoneração de Isabel dos Santos, que "cuidem bem" da concessionária estatal petrolífera, por ser a "galinha dos ovos de ouro" de Angola.
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Menos de 24 horas depois de a Casa Civil do Presidente da República ter anunciado a exoneração do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), o chefe de Estado deu esta quinta-feira posse à nova equipa da petrolífera estatal, que passa a ser liderada por Carlos Saturnino.
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"Continue a ser, para a nossa economia, a galinha dos ovos de ouro. Eis a razão por que fazemos este apelo, para que cuidem bem dela", disse João Lourenço, na cerimónia realizada no palácio presidencial, em Luanda.
Nova refinaria
O Presidente angolano avisou a nova administração da Sonangol que é necessário construir uma refinaria em Angola, para reduzir as importações de combustíveis, depois da suspensão do projeto para o Lobito pela direção de Isabel dos Santos.
Embora sem se referir diretamente à construção de uma refinaria no Lobito, projeto estatal que a Sonangol suspendeu depois da entrada de Isabel dos Santos para a petrolífera, em junho de 2016, o chefe de Estado afirmou que "tão logo quanto o possível" o país deve "poder contar com uma ou mais refinarias".
"Não faz sentido que um país produtor de petróleo, com os níveis de produção que tem hoje e que teve no passado, continue a viver quase que exclusivamente da importação dos produtos refinados", apontou.
Angola é atualmente o segundo maior produtor de petróleo em África, atrás da Nigéria, com 1,6 milhões de barris de petróleo, produto que tem um peso de mais de 95% nas exportações angolanas.
Nova administração
O até agora secretário de Estado dos Petróleos, Carlos Saturnino, foi nomeado e empossado como novo presidente do conselho de administração da Sonangol. Naquele cargo, o chefe de Estado empossou Paulino Jerónimo, que até setembro foi presidente da comissão executiva da Sonangol.
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O ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, pai de Isabel dos Santos, exonerou, por decreto que entrou em vigor a 26 de setembro, dia em que tomou posse o novo chefe de Estado, João Lourenço, três administradores executivos da Sonangol, incluindo Paulino Jerónimo, então presidente da comissão executiva.
Já Carlos Saturnino, que agora passa a liderar o maior grupo angolano, totalmente público, foi até dezembro de 2016 presidente da comissão executiva da Sonangol Pesquisa & Produção, tendo sido demitido por Isabel dos Santos, com a acusação de má gestão e de graves desvios financeiros.
"Não é correto, nem ético, atribuir culpas à equipa que somente esteve a dirigir a empresa no período entre a segunda quinzena de abril de 2015 e 20 de dezembro de 2016", respondeu na altura Carlos Saturnino, que em pouco mais de um mês como secretário de Estado dos Petróleos, nomeado por João Lourenço, tutelou a Sonangol a partir do Governo.
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A empresária Isabel dos Santos, a filha mais velha de José Eduardo dos Santos, foi nomeada para presidente do conselho de administração da Sonangol, pelo pai, em junho de 2016, na altura com a tarefa de assegurar a reestruturação da petrolífera estatal angolana.
Além de Isabel dos Santos, o presidente angolano exonerou ainda Eunice Carvalho, Edson dos Santos, Manuel Lino Carvalho Lemos e João Pedro de Freitas Saraiva dos Santos dos cargos de administradores executivos, bem como Sarju Raikundalia, até agora administrador não executivo.
Em substituição, além do novo presidente do conselho de administração, o presidente angolano nomeou, para administradores executivos, Sebastião Pai Querido Gaspar Martins, Luís Ferreira do Nascimento José Maria, Carlos Eduardo Ferraz de Carvalho Pinto, Rosário Fernando Isaac, Baltazar Agostinho Gonçalves Miguel e Alice Marisa Leão Sopas Pinto da Cruz.
Mantêm-se José Gime e André Lelo como administradores não executivos.