O presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, negou ter gozado com o seu próprio povo, na sequência de uma vaga de críticas nas redes sociais devido aos seus apelos para que os egípcios percam peso.
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"Como posso eu envergonhar a minha própria família? Os egípcios são a minha família. Como posso eu vê-los (a engordar) e ficar calado?", questionou al-Sisi em declarações transmitidas pela televisão.
O Egito tem uma das maiores taxas de obesidade do mundo e no dia 15 de dezembro o presidente abordou a questão numa declaração na televisão, alertando: "O que se passa com estas pessoas? Porque não se cuidam?"
Estas declarações suscitaram uma onda de críticas nas redes sociais, com os utilizadores a considerarem tratar-se de uma atitude de escárnio e desdém por parte do chefe de Estado.
Esta quarta-feira, o presidente respondeu às críticas, explicando que fala da obesidade "porque se trata de um fenómeno, ou seja, de um número importante" de pessoas que sofrem de excesso de peso.
Al-Sisi, que se exibe regularmente a fazer exercício físico e a andar de bicicleta, disse querer fazer esforços junto dos mais novos para sensibilizá-los para uma alimentação mais saudável.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o Egito tem uma das mais elevadas taxas do mundo de excesso de peso, problema que afeta 63,5% da população.
O fenómeno atinge todas as camadas da população, mas as famílias desfavorecidas são as mais afetadas.
Num país em pleno marasmo económico e submetido a medidas de austeridade há dois anos, os egípcios sofrem de uma redução do seu poder de compra, que segundo eles lhes limita o acesso a uma alimentação variada e de qualidade.
Al-Sisi tem protagonizado nos últimos anos uma repressão generalizada no Egito, com detenções e condenações à morte de opositores e críticos.
O Egito ocupa o 161ª lugar (em 180 países) na classificação 2017 dos Repórteres Sem fronteiras (RSF) sobre liberdade de imprensa. Pelo menos 29 jornalistas estão presos e 500 sites da internet foram bloqueados em menos de um ano.