O presidente da Sérvia, Aleksander Vucic, afirmou, este sábado, que não entregará o país "numa bandeja de prata", em referência à tensão relacionada com a minoria sérvia do norte do Kosovo.
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As declarações foram feitas um dia após Belgrado ter pedido à NATO para destacar polícias e soldados sérvios para a zona.
"Não vamos entregar numa bandeja de prata a ninguém, por nada no mundo, o Estado da Sérvia, porque pertence ao seu povo", afirmou Vucic, citado pela imprensa sérvia, durante um congresso do partido que lidera, o Partido Progressista Sérvio.
Vucic criticou a "falta de lógica" dos últimos acontecimentos no Kosovo, em particular desde o adiamento na semana passada das eleições locais por ordem da Presidente kosovar, Vjosa Osmani, uma decisão aplaudida pela União Europeia (UE) como uma tentativa de reduzir a tensão, mas que o dirigente sérvio considera "um disfarce político".
"Estes nossos amigos e parceiros ocidentais dizem que Pristina acalmou o conflito desde que adiaram as eleições e apenas 15 horas depois chegaram longos comboios para ocupar as quatro sedes das comissões eleitorais municipais do norte do Kosovo", apontou.
O dirigente afirmou que estão a "prender e perseguir" os sérvios, nomeadamente dois ex-polícias sérvios kosovares que abandonaram a polícia após o boicote declarado pelo partido Lista Sérvia.
Vucic referiu em concreto a detenção de Srdan Trajkovic, detido alegadamente sob suspeita da comissão de crimes de guerra quando fazia parte do exército da antiga República Federal da Jugoslávia (Sérvia e Montenegro) durante a guerra do Kosovo.
"Dizem que estão a trabalhar para reduzir a tensão e logo de manhã detêm Srdan Trajkovic acusando-o de crimes de guerra apesar de ter trabalhado durante quase nove anos para a polícia do Kosovo e agora nem o deixam comunicar com a família nem recebe medicamentos", acusou.
Quanto ao pedido da Sérvia à NATO para enviar as suas forças de segurança para o norte do Kosovo, o ministro dos Negócios Estrangeiros sérvio, Ivica Dacic, revelou que até agora não houve resposta da KFOR.
O comandante da força de manutenção da paz da NATO no Kosovo (KFOR), Angelo Michele Ristuccia, garantiu na quinta-feira que dispõe dos meios necessários para garantir a segurança, numa referência ao pedido de Belgrado para enviar forças sérvias.
"A KFOR tem todas as capacidades, incluindo pessoal, para garantir um ambiente seguro e liberdade de movimento para todas as comunidades no Kosovo", frisou o general italiano, citado num comunicado publicado pela NATO, dizendo esperar que todas as partes se abstenham de qualquer demonstração de força.
O Kosovo, de maioria albanesa, proclamou unilateralmente a independência em relação à Sérvia em 2008, apoiado pelos Estados Unidos e pela maioria dos países da UE, mas não pela China, Rússia, Índia, Brasil e outros Estados.