Dois tiroteios em menos de 48 horas levam país a repensar legado da guerra nos Balcãs.
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O presidente sérvio, Aleksander Vucic, anunciou esta sexta-feira um plano de desarmamento da população após dois ataques a tiro terem matado 17 pessoas esta semana. O episódio mais recente no país que vive ainda um legado violento da guerra nos Balcãs aconteceu no final da noite de quinta-feira e resultou na detenção do atirador responsável por oito mortes.
"Vamos proceder a um desarmamento quase completo da Sérvia", prometeu Vucic, que reforçou o combate à posse ilegal de armamento. Já o número de armas de caça no país deverá ser reduzido de cerca de 360 mil para "não mais de 30 mil ou 40 mil", segundo o presidente, que planeia ainda uma revisão da licença de porte de armas ligeiras. A Sérvia, com cerca de 6,8 milhões de habitantes, possui mais de 765 mil armas legalizadas, fruto de uma cultura presente desde o sangrento conflito nos Balcãs, nos anos de 1990, durante o colapso da antiga Jugoslávia.
Terror em três aldeias
O chefe de Estado considerou o último tiroteio, ocorrido esta quinta-feira, uma ação "terrorista". "Este é um ataque a todo o nosso país e todos os cidadãos sentem isso", afirmou Vucic. O incidente, que levou à morte de oito pessoas e feriu outras 14, aconteceu em três aldeias na região de Mladenovac, 60 quilómetros a Sul da capital, Belgrado.
O autor dos disparos, armado com um fuzil automático, quatro granadas e munições, utilizou um carro para deslocar-se entre as três localidades. Na aldeia de Malo Orasje, o atacante parou o veículo num parque de estacionamento e disparou contra um grupo de jovens que fazia ali um churrasco e ouvia música, matando cinco pessoas, segundo Mihailo Mihailovic, citado pelo "The New York Times", que afirmou que o seu primo foi uma das vítimas.
O suspeito foi detido em Kragujevac, a cerca de 90 quilómetros do cenário do crime, após helicópteros e um efetivo de 600 polícias terem realizado buscas durante toda a madrugada desta sexta-feira. O jornal norte-americano afirma que o homem de 21 anos, filho de um oficial do Exército que serviu na guerra dos Balcãs, vestia uma camisola com uma apologia a Hitler.
Belgrado declarou esta sexta-feira luto oficial de três dias, após uma conturbada semana. Na quarta-feira, um estudante de 13 anos matou a tiro oito colegas e um segurança numa escola no centro da capital sérvia.