O presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk Yeol, negou, esta quinta-feira, ter cometido qualquer irregularidade num contexto de alegações sobre o seu envolvimento e da sua mulher num caso de tráfico de influências.
Corpo do artigo
Segundo as alegações, Yoon e a primeira-dama, Kim Keon Hee, teriam exercido influência inapropriada sobre os conservadores no poder do Partido do Poder Popular (PPP) para que fosse escolhido um determinado candidato para as eleições parlamentares de 2022.
Alegadamente a pressão teria acontecido a pedido de Myung Tae-kyun, um empresário e fundador de uma agência de sondagens que realizou inquéritos de opinião gratuitos para Yoon antes de este se tornar presidente.
O escândalo tem feito manchetes na Coreia do Sul depois de uma fuga de informação sobre conversas telefónicas de Myung, nas quais se vangloriava da influência que exerce sobre o casal presidencial e outros altos funcionários do partido no poder.
Questionado hoje sobre as suas relações com Myung durante uma conferência de imprensa, Yoon respondeu: "Não fiz nada de inapropriado e não tenho nada a esconder em relação a Myung Tae-kyun".
Yoon garantiu que nunca se intrometeu em qualquer processo de nomeação de candidatos no PPP, tal como nunca solicitou a Myung a realização de sondagens, apesar de o ter ajudado na sua campanha para as primárias presidenciais em 2021.
Depois de ter já exigido um pedido de desculpas do chefe de Estado, a mudança de funcionários e uma investigação independente sobre a sua mulher, o principal partido liberal da oposição, o Partido Democrático, comentou agora que a resposta de Yoon demonstrou "arrogância" e "presunção".
A lei eleitoral sul-coreana proíbe os funcionários públicos, incluindo o presidente, de interferirem nas eleições, mas não aplica restrições a um presidente eleito, pelo que não é claro se Yoon terá violado a lei no âmbito das alegações feitas.
Sondagens recentes revelaram que o índice de aprovação de Yoon desceu abaixo dos 20% pela primeira vez desde a sua tomada de posse.
Kim Keon Hee tem enfrentado outros escândalos, como as imagens de uma câmara de espionagem que supostamente a mostram a aceitar uma mala de luxo como presente de um pastor.
Yoon pediu desculpa por ter causado preocupações públicas em relação a si e à sua mulher, mas sublinhou que muitas das alegações feitas não correspondem aos factos.
Sobre a eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, o sul-coreano recordou que no anterior mandato do republicano, entre 2017 e 2021, houve contactos com o líder norte-coreano, Kim Jong Un.
Yoon disse que Trump "receberá relatórios abrangentes muito em breve sobre como as tecnologias e capacidades nucleares da Coreia do Norte mudaram desde então" e estimou que poderão haver depois "discussões mais significativas e aprofundadas", quando houver oportunidade para reuniões.
Sobre a abordagem "América em primeiro lugar" defendida por Trump, que poderá envolver o aumento das tarifas alfandegárias, Yoon referiu que Seul estava a fazer "esforços multifacetados para minimizar as perdas para a economia".
"As coisas não podem ser exatamente iguais às que eram durante a administração Biden", notou o responsável, acrescentando que tem existido preparação para "cobrir estes riscos".
Na quinta-feira, Yoon teve uma chamada telefónica com Trump, felicitando-o pela sua vitória eleitoral e discutindo o reforço da cooperação bilateral. Os dois concordaram em marcar uma reunião presencial em breve, de acordo com o gabinete de Yoon.