Pelo menos dez mineiros continuam soterrados numa mina de carvão no estado do Coahuila, no noroeste do México, desde quarta-feira. Um fluxo de água subterrânea provocou o desabamento de uma das paredes de um túnel e os homens ficaram encurralados. Cinco trabalhadores já foram resgatados e as operações prosseguem numa corrida contra o tempo.
Corpo do artigo
Um ano após o colapso de uma mina na região de Coahuila que matou sete trabalhadores, a história parece querer repetir-se. Cinco mineiros foram resgatados, mas há pelo menos dez que continuam à espera de um milagre que os salve da morte.
Segundo o Ministério do Trabalho e Bem-Estar Social (STPS) mexicano, citado pelo "El país", os mineiros trabalhavam a 60 metros de profundidade quando encontraram um fluxo de água subterrânea que provocou o colapso de uma parede de um túnel, inundando os três poços da mina. Os homens estão encurralados por uma inundação de 34 metros. Por isso, no local estão bombas de extração de água e seis mergulhadores das Forças Especiais para ajudar no resgate, que até ao momento continua em modo contrarrelógio para salvar a vida dos dez homens. "Esperamos encontrá-los bem", disse Andrés Manuel López Obrador, presidente mexicano, numa mensagem nas redes sociais.
O governador de Coahuila, Miguel Riquelme Solís, afirmou que as autoridades estão "a dar prioridade ao resgate das pessoas soterradas". Já Andrés Obrador revelou na quinta-feira que foi acionado o Plano DN-III - uma operação militar para ajudar a população em casos de desastres. Mais de duas centenas de pessoas estão envolvidas nas operações de resgate, entre militares, membros da Proteção Civil e socorristas.
À porta da mina estão as famílias dos trabalhadores, que desejam boas notícias, mas conscientes da dificuldade dos trabalhos. "Infelizmente, não há muita esperança", disse José Luis Amaya, cujo primo e cunhado estão entre os presos, à Milenio TV na noite de quarta-feira. "É doloroso ver que os meus filhos não perdem a esperança de voltar a ver o pai", disse Claudia Romo, citada pela France-Press. Blasa Maribel Navarro aguardava atrás do perímetro de segurança, quando falou do primo Sergio Cruz, que trabalhava na mina há dois meses, para sustentar as duas filhas. "Há sempre insegurança no trabalho", lamentou, mantendo a esperança de encontrá-lo com vida.
Região marcada pela tragédia
A região é responsável pela extração de 99% do carvão do México, por isso quase todos se dedicam ao trabalho nas minas. Segundo o jornal espanhol, cerca de três mil famílias dependem diretamente da exploração do carvão e outras 11 mil de empregos indiretos. A mina, conhecida como Las Conchas, começou a ser explorada em janeiro deste ano e embora o STPS garanta, em comunicado, que "não há queixas de qualquer tipo de anomalia", as famílias dos mineiros falaram aos média locais das más condições de trabalho e a insegurança da mina.
Em junho de 2021, há apenas um ano, sete trabalhadores morreram após o colapso de uma mina de carvão na mesma área por falta de segurança. Há 16 anos, em 19 de fevereiro de 2006, a mina de Pasta de Conchos, também em Coahuila, explodiu. O gás acumulado no interior matou 65 dos 73 trabalhadores que estavam no local e conseguiu assim o estatuto da pior tragédia mineira da história do México.