A primeira clínica privada de aborto da Irlanda do Norte, país onde a prática do aborto é fortemente restritiva, vai abrir no próximo dia 18 de outubro em Belfast, divulgou, esta quinta-feira, a organização responsável pela unidade.
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A clínica, que será gerida pela organização de planeamento familiar Marie Stopes, vai realizar interrupções de gravidez "dentro do atual quadro legal" da Irlanda do Norte, ou seja, quando "a vida da mulher grávida está imediatamente ameaçada e/ou se existe um risco permanente ou a longo prazo para a sua saúde física e mental", precisou a organização, em comunicado.
A Irlanda do Norte, em comparação com os restantes territórios que integram o Reino Unido, tem a legislação sobre o aborto mais restritiva.
A prática do aborto neste território britânico só é legal dentro das primeiras nove semanas de gestação, contra as 24 semanas aplicadas nos restantes países do Reino Unido.
O ministro da Saúde britânico, Jeremy Hunt, declarou recentemente que apoiava a redução para metade do atual limite legal do aborto, declaração que suscitou a indignação dos defensores dos direitos das mulheres.
"Onde está a necessidade de uma clínica privada em Belfast para a prática de abortos?", reagiu hoje Jim Allister, líder do partido norte-irlandês conservador "Voz Tradicional Unionista".
"Existem diversas infraestruturas nos serviços públicos de saúde" para a prática de abortos, disse o político, em declarações à estação pública britânica BBC.
"Devem existir motivos ocultos [para a abertura desta clínica privada]", referiu Jim Allister, alertando que os limites legais poderão ser ultrapassados.
A clínica da organização Marie Stopes vai estar situada num edifício de escritórios, estando já sob a vigilância de um elemento de uma empresa de segurança privada.
Desde 2006, foram realizados 678 abortos na Irlanda do Norte, segundo dados oficiais divulgados em agosto passado.
No ano passado, mais de mil mulheres deslocaram-se para outros territórios britânicos, nomeadamente Inglaterra e País de Gales, para realizar interrupções de gravidez, indicaram os mesmos dados oficiais.