A primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou esta segunda-feira ao cargo e deixou o país, segundo a estação de televisão Canal 24, após semanas de violência generalizada nas ruas por causa dos protestos estudantis que provocaram quase 300 mortos.
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Hasina deixou o país num helicóptero militar às 14.30 locais (9.30 em Lisboa), acompanhada pela irmã mais nova, Sheikh Rehana, noticiou a agência local Prothom Alo.
Fontes citadas pelos meios de comunicação social locais disseram que partiram para a Índia.
Milhares de pessoas reuniram-se hoje em frente à residência oficial da primeira-ministra em Daca. Depois de a notícia da sua partida se ter tornado pública, muitas delas invadiram o edifício, de acordo com as imagens divulgadas pelos canais de televisão bengalis.
O Canal 24 do Bangladesh mostrou imagens de dezenas de pessoas na residência oficial, Ganabhaban, a transportar mobiliário, frigoríficos e até loiça, num clima de vitória.
Muitos deles pararam para acenar às câmaras de televisão, de braços erguidos, após meses de protestos.
Os manifestantes saíram à rua apesar do recolher obrigatório decretado pelo Governo na noite passada, em resposta a mais um dia de violência devido aos protestos estudantis que começaram pacificamente há cinco semanas, mas que se tornaram violentos devido a queixas de repressão policial pesada.
Exército do Bangladesh anuncia formação de governo interino
O chefe do exército do Bangladesh confirmou a renúncia da primeira-ministra e anunciou a formação de um governo interino.
"Será formado um governo provisório e através deste governo serão realizadas todas as atividades do país", declarou Waker-Uz-Zaman, numa declaração oficial transmitida em direto pela televisão bengali.
Zaman apelou ao fim da violência e disse que a formação do governo provisório será agora discutida com o presidente do país, Shahabuddin Chuppu, garantindo que "os assassinos" e os responsáveis pelas "injustiças" cometidas contra os estudantes durante os protestos serão levados à justiça.
"Por favor, continuem a confiar no exército. Assumo toda a responsabilidade por salvar as vidas e as propriedades", acrescentou.
Cerca de 300 pessoas, na sua maioria estudantes e civis, foram mortas durante os violentos confrontos que mergulharam o Bangladesh num clima de caos.
Os protestos dos estudantes começaram por exigir o fim das quotas no emprego público, que consideram discriminatórias num dos países mais pobres do mundo, mas acabaram por exigir a demissão de Hasina e do seu governo após a morte dos manifestantes.
Hasina assumiu o poder em janeiro para um quarto mandato consecutivo, depois de ter ganho umas eleições que foram boicotadas pela oposição.