Uma vacina experimental contra o cancro do pulmão, criada pela empresa alemã BioNTech, que foi projetada de forma a que o sistema imunitário reconheça e combata células cancerígenas, vai começar a ser testada em sete países, num ensaio clínico liderado por uma equipa no Reino Unido.
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A vacina, conhecida como BNT116, utiliza RNA mensageiro (mRNA) para identificar marcadores comuns de cancro do pulmão de não pequenas células (CPNPC) e ajudar o sistema imunitário a reconhecer e combater as células que expressam esses marcadores, segundo explica um comunicado do University College London Hospital.
Em Portugal, de acordo com os dados do Registo Oncológico Nacional, o cancro do pulmão é o segundo tipo de cancro mais frequente e é a primeira causa de morte por cancro. O principal fator de risco de desenvolvimento da doença continua a ser o tabagismo, responsável por cerca de 80% dos casos.
Segundo o médico britânico que lidera o ensaio clínico da nova vacina, Siow Ming Lee, "estamos agora a entrar nesta nova e emocionante era de ensaios clínicos de imunoterapia com base em mRNA para investigar o tratamento do cancro do pulmão". O especialista espera que esta seja uma "oportunidade para melhorar ainda mais os resultados dos doentes com CPNPC, quer se encontrem nas fases iniciais ou avançadas”.
O ensaio clínico da BNT116 vai decorrer no Reino Unido e conta com cerca de 130 participantes, em sete países, que podem estar em diferentes fases de cancro, inicial ou avançada. De acordo com o "The Guardian", a primeira fase do estudo foi lançada em 34 centros de investigação do Reino Unido, EUA, Alemanha, Hungria, Polónia, Espanha e Turquia.
O britânico Janusz Racz, de 67 anos, é o primeiro participante e admite que a "esperança era que a vacina impedisse o regresso do cancro". O doente realça que a sua participação no estudo também pode "ajudar outras pessoas no futuro e contribuir para que esta terapia se torne acessível".
“Como cientista, sei que a ciência só pode avançar se as pessoas aceitarem participar em programas como este. Trabalho em inteligência artificial e estou aberto a experimentar coisas novas. A minha família também pesquisou sobre o ensaio e apoiou-me", conta Racz.
O doente já recebeu seis injeções consecutivas da imunoterapia, segundo o jornal britânico, com cinco minutos de intervalo, durante 30 minutos. Agora, vai administrar a vacina todas as semanas durante seis semanas consecutivas e, depois, de três em três durante 54 semanas.
No caso da quimioterapia, o tratamento afeta, normalmente, tanto as células cancerígenas como as saudáveis. No entanto, esta nova vacina foi desenvolvida para aumentar especificamente a resposta imunológica contra as células cancerígenas, reduzindo o risco de toxicidade para as células saudáveis.
De acordo com a CUF, estima-se que um terço dos humanos vai ter cancro, devido ao aumento da esperança média de vida. Daqui a 10 anos, metade das pessoas terão tido cancro, mas tendo em conta a evolução da medicina, apenas um quarto dos afetados por esta doença morrem, por isso será registado também um grande número de sobreviventes.