União Nacional, de Jordan Bardella, conquista 33,2% dos votos nas legislativas que levaram às urnas quase 70% dos eleitores franceses, a participação mais elevada dos últimos 40 anos.
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Os resultados da primeira volta das eleições legislativas em França confirmaram hoje a ascensão da extrema-direita amplamente antecipada pelas sondagens das últimas semanas. O partido União Nacional (RN – Rassemblement National) de Marine Le Pen, agora liderado pelo jovem Jordan Bardella, conquistou 33,2% dos votos, posicionando-se à frente da coligação de esquerda Nova Frente Popular, de Manuel Bompard, que angariou 28,1%. Já o campo presidencial centrista Ensemble não foi além dos 21,%. Emmanuel Macron apressou-se a pedir uma “união ampla claramente democrática e republicana” contra a extrema-direita na segunda volta de 7 de julho.
O arranque das celebrações aconteceu, pouco depois das 20 horas locais, com a subida a palco, em Hénin-Beaumont, de Marine Le Pen, que começou por atirar, ufana, que a chegada à liderança do RN revela que os eleitores, “numa votação inequívoca, [demonstraram] o seu desejo de virar a página após sete anos de poder desdenhoso e corrosivo” de Emmanuel Macron.
Aquela que por três vezes foi candidata à Presidência francesa atirou-se aos que agora se afiguram como a ameaça mais evidente à vitória da extrema-direita no próximo domingo: “Nada está ganho e a segunda volta será decisiva para evitar que o país caia nas mãos da coligação Nupes, uma extrema-esquerda com tendência violenta”, alertou, referindo-se à Nova Frente Popular. Le Pen pediu uma “maioria absoluta” para Bardella “lançar na próxima semana a recuperação de França e o restabelecimento da unidade e da harmonia nacional”.
“Intransigente” com Macron
Pouco depois, seria Bardella, presidente da União Nacional, catapultado por Le Pen, a pedir uma “mobilização” para uma das “votações mais decisivas da história da V República”. O candidato do RN a primeiro-ministro considerou que os resultados de hoje constituíram “um veredito claro” e a prova de uma “clara aspiração à mudança”.
Também Bardella apontou a coligação de esquerda como único adversário, considerando que a Nova Frente Popular “levará o país à desordem, à insurreição e à ruína da economia”. O atual líder do RN apresentou-se como “o único baluarte republicano e patriótico” contra a esquerda.
O líder da extrema-direita garantiu, numa antecipação de vitória, que será um “primeiro-ministro da coabitação, respeitador da Constituição e da função do presidente da República, mas intransigente na política ao serviço de França e dos franceses”.
Manuel Bompard, candidato da Nova Frente Popular, apelou aos franceses que não deixem o país afundar-se “ainda mais no racismo, na rejeição, no ódio aos outros”.
Grande derrotado da noite, o primeiro-ministro Gabriel Attal, candidato da coligação presidencial Ensemble, assinalou que “a lição desta noite é que a extrema-direita está às portas do poder”, salientando que o objetivo agora é “impedir que o RN tenha maioria absoluta”, na segunda volta. Attal apelou a que os candidatos do Ensemble que ficaram em terceiro lugar se retirem para apoiar “outro candidato que defenda os valores da República”.