O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, admitiu, esta sexta-feira, ser "realista" a possibilidade de a guerra na Ucrânia durar até ao final de 2023, no mesmo dia em que anunciou a reabertura da embaixada britânica em Kiev.
Corpo do artigo
"É uma possibilidade realista, sim, claro. Putin tem um exército enorme, está numa posição política muito difícil porque cometeu um erro catastrófico. A única opção que lhe resta é continuar a tentar usar a horrível estratégia baseada em artilharia para tentar esmagar os ucranianos", afirmou.
Johnson respondia aos jornalistas em Nova Deli, após um encontro com o homólogo indiano, Narendra Modi, quando questionado sobre uma notícia de hoje do jornal The Times que indicava, com base em fontes anónimas ocidentais, que Moscovo ainda pode ganhar a guerra e que o conflito ainda pode durar até ao final do próximo ano.
Tendo em conta o possível controlo russo da cidade estratégica portuária de Mariupol, o primeiro-ministro britânico reconheceu que a situação é "imprevisível nesta fase".
"Temos apenas de ser realistas", afirmou.
Johnson disse que está a avaliar mais opções para ajudar militarmente, incluindo "reabastecer países como a Polónia", que podem querer enviar armas mais pesadas para a Ucrânia.
"Estamos a pensar em enviar tanques para a Polónia para tentar ajudá-los a enviar alguns dos [blindados] T72 deles para a Ucrânia", prosseguiu.
Entretanto, o Reino Unido vai reabrir a embaixada em Kiev, capital da Ucrânia, na próxima semana.
"Posso anunciar hoje que em breve, na próxima semana, reabriremos a nossa embaixada na capital da Ucrânia", afirmou também hoje Johnson, que prestou "homenagem aos diplomatas britânicos que permaneceram noutros lugares da região durante todo este período".
A embaixada foi forçada a fechar temporariamente devido à invasão da Rússia, mas um contingente de funcionários britânicos permaneceu no oeste da Ucrânia para dar apoio humanitário e outro tipo de assistência.
A retirada das forças russas da região da capital para se concentrarem nas zonas sul e leste da Ucrânia acabou por aliviar o nível de ameaça em Kiev.
"A extraordinária coragem e sucesso do Presidente [Volodymyr] Zelenskyy e do povo ucraniano em resistir às forças russas significa que em breve reabriremos a nossa embaixada britânica em Kiev", confirmou, por sua vez, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Liz Truss, em comunicado.
As instalações da embaixada britânica estão a ser reforçadas com medidas de segurança antes do regresso da equipa diplomática, que será liderada pela embaixadora, Melinda Simmons.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico vincou, no entanto, que continua a desaconselhar as viagens à Ucrânia.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.
A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de cinco milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU -- a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.