O primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, apelou, esta sexta-feira, para a abertura de negociações de paz na Ucrânia, onde a guerra, avisou, "poderá durar até 2030".
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Com a guerra na Ucrânia, vive-se numa situação que pode muito bem durar até 2029 ou 2030", disse à imprensa em Praga, após um encontro com o seu homólogo checo, Petr Fiala. "É melhor ter dez anos de negociações em paz ou cessar-fogo, do que sentarmo-nos à mesa de negociações daqui a dez anos, com mais 500 ou 600 mil mortos", acrescentou.
O político populista de esquerda tornou-se primeiro-ministro após as eleições legislativas no final de setembro, após uma campanha marcada pela desinformação sobre a invasão russa da Ucrânia.
Durante a sua campanha eleitoral, prometeu nomeadamente pôr fim aos programas de ajuda militar à Ucrânia, implementados pelos anteriores governos eslovacos.
O governo de coligação de Fico, que inclui ministros de extrema-direita, já bloqueou um plano de ajuda militar de 40,3 milhões de euros, destinado à Ucrânia e preparado pelo executivo anterior.
Ambos membros da União Europeia e da NATO, a República Checa e a Eslováquia são aliados históricos, que formaram um único país até à divisão pacífica da Checoslováquia em 1993.
Os dois países acolheram milhares de refugiados ucranianos, mas estão divididos quanto à ajuda militar, promovida por Praga e agora rejeitada por Bratislava.
No entanto, Fico sublinhou que não impediria outros países de continuarem a ajudar militarmente a Ucrânia. "Se a República Checa ou qualquer outro país do mundo ou da Europa decidir fornecer ajuda à Ucrânia, não condenaremos ninguém", afirmou.
As palavras de Fico surgem no dia em que o semanário alemão noticiou, citando uma fonte governamental anónima, que a Alemanha e os Estados Unidos esperam incitar a Ucrânia a negociar com a Rússia através de um conjunto direcionado de entrega de armas.
Em 14 de novembro, o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, afirmou que para se conseguir uma solução negociada para a guerra na Ucrânia é necessário continuar o apoio militar a Kiev, e sublinhou que as hipóteses de um "resultado negociado aceitável" aumentam se o apoio a Kiev aumentar. "Se queremos uma solução negociada, o caminho para lá chegar é o apoio militar à Ucrânia", declarou o político norueguês à chegada à reunião de ministros da Defesa da União Europeia em Bruxelas.
A invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, prossegue com combates sangrentos na região leste, onde as forças de Moscovo desenvolvem ataques massivos em Kupiansk, Marinka e Avdiivka, enquanto as tropas de Kiev vão repelindo estas investidas e tentando progredir na região sul, nas frentes de Zaporijia e Kherson.