O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, afirmou que as mamas à mostra de "Marianne", símbolo da República, são preferíveis ao uso do véu islâmico. Mais uma acha na polémica em torno da proibição do uso do burquíni.
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O primeiro-ministro francês já tinha deixado claro que apoiava todas as autarquias francesas que tinham decidido adotar a lei que proíbe a utilização do burquíni nas praias francesas.
Voltou à carga, quando a polémica continua a dividir o país, num discurso proferido esta segunda-feira em que deixou claro que as mamas representadas no quadro "La liberté guidant le peuple" (em português, A liberdade guiando o povo) são mais representativas dos valores da França, do que o véu islâmico.
"Marianne tem um peito nu porque ela está a alimentar o povo! Ela não está a usar um véu porque ela é livre! Essa é a República", afirmou o chefe do executivo, durante uma reunião do governo.
A sugestão de que os seios nus são um símbolo da França, enquanto o véu muçulmano é problemático, gerou fortes críticas entre historiadores e feministas.
Uma historiadora, especialista na Revolução Francesa, Mathilde Larrere, tem utilizado as redes sociais para arrasar os comentários de Manuel Valls:
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A polémica em torno da proibição do burquíni começou em Cannes e alastrou-se a cidades como Villeneuve-Loubet, também no sul de França e a Sisco, na Córsega, entre outras.
Para o primeiro-ministro francês "as praias, como todos os espaços públicos", não devem ser alvo de manifestações religiosas.
Manuel Valls tinha escrito um texto na rede social Facebook em que dava conta dessa sua posição. "O burkíni não é um sinal religioso. É a afirmação no espaço público do islamismo político", defendeu.
Na última sexta-feira, a principal instância administrativa francesa, o Conselho de Estado, suspendeu os decretos municipais e advertiu os autarcas que qualquer proibição do burquíni deve ser baseada em "perigos comprovados" para a ordem pública. Uma decisão que mereceu elogios por parte do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU.