Primeiro-ministro polaco vai pedir moção de confiança após triunfo da extrema-direita
A vitória de historiador ultranacionalista nas presidenciais polacas, no domingo, gera incerteza sobre futuro de primeiro-ministro pró-União Europeia (UE), que testará a força do Executivo no Parlamento da Polónia.
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A derrota do autarca de Varsóvia, Rafal Trzaskowski, do partido Plataforma Cívica (PO), para o candidato independente de extrema-direita, Karol Nawrocki, na segunda volta das presidenciais de domingo, fez com que o partidário e primeiro-ministro, Donald Tusk, anunciasse uma moção de confiança ao seu Executivo. O historiador ultranacionalista venceu o escrutínio por uma margem apertada e deve representar um desafio para o Governo pró-UE, cujas reformas estão bloqueadas pelo atual chefe de Estado, Andrzej Duda, apoiado pelos conservadores do Partido Lei e Justiça (Pis).
Nem mesmo as sondagens à boca das urnas previram a vitória de Nawrocki, que conquistou 50,9% dos votos. “Esta noite venceremos. Venceremos e salvaremos a Polónia”, escreveu Nawrocki na noite de domingo, apesar das projeções contrárias. Com o apuramento a prosseguir durante a madrugada de segunda-feira, o triunfo do ex-diretor do museu da II Guerra Mundial em Gdansk.
“Parabéns a Karol Nawrocki... Esta vitória é uma obrigação, especialmente em tempos tão difíceis. Principalmente com um resultado apertado. Não se esqueçam disso”, publicou o adversário na rede social X.
Ao final do dia, após horas de silêncio, o chefe de Governo pronunciou-se. “Como primeiro-ministro, não me deterei um único momento na nossa luta comum pela Polónia com que sonhamos: livre, soberana, segura e próspera. As eleições presidenciais não mudaram nada aqui e não vão mudar nada. Cooperaremos com o presidente”, disse Donald Tusk, citado pelo jornal “Gazeta Wyborcza”.
“O primeiro teste será um voto de confiança, que irei solicitar ao Sejm [Parlamento] em breve. Quero que todos vejam que estamos prontos para esta situação e não pretendemos recuar”, declarou o primeiro-ministro. A coligação governativa, com quatro partidos, incluindo a PO, tem uma maioria na câmara baixa.
LGBT, aborto, Ucrânia
“A presidência de Nawrocki será um percurso difícil para o Governo Tusk”, disse o analista político Pior Buras à agência France-Presse. Reformas como o casamento LGBT e a diminuição das restrições ao aborto, além do apoio à adesão da Ucrânia à NATO e os subsídios aos cerca de um milhão de refugiados ucranianos na Polónia estarão ameaçados.