Principais capitais estaduais brasileiras reúnem milhares de pessoas em protesto simultâneo
Principais capitais brasileiras realizam protestos simultâneos, esta quinta-feira, com milhares de manifestantes a dar continuidade às manifestações que abrangem outras reivindicações para além das tarifas do transporte público.
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As manifestações levaram a presidente do Brasil, Dilma Rousseff, a cancelar a viagem oficial que faria ao Japão, na próxima semana. De acordo com a assessoria da Presidência da República, a líder brasileira "prefere permanecer no país" neste momento.
Em Brasília, os manifestantes iniciaram por volta das 17 horas locais (21 de Portugal continental) uma caminhada pacífica em direção ao Congresso Nacional, onde o policiamento foi reforçado.
A estimativa inicial da Polícia Militar é de que mais de 1000 pessoas já tenham aderido ao ato, que bloqueou as seis pistas do Eixo Monumental.
No Rio de Janeiro, pelo menos 3000 pessoas concentraram-se na Praça da Candelária, no centro. A Avenida Rio Branco, uma das principais vias da cidade, já foi totalmente bloqueada.
Esta tarde, a Polícia Militar distribuiu panfletos a pedir que o protesto se realize sem violência. "Ajude-nos a proteger você. Afaste-se dos que insistem em vandalizar uma manifestação pacífica", diz o texto.
Na segunda-feira, o protesto no Rio de Janeiro reuniu 100 mil pessoas numa passeata predominantemente pacífica, mas que terminou com atos de vandalismo por parte de um pequeno grupo que ateou fogo a carros e danificou o edifício da Assembleia Legislativa.
A entrada para o estádio do Maracanã, na zona norte do Rio de Janeiro, onde a seleção espanhola enfrentava o Taiti, ocorreu normalmente, de acordo com pessoas que no local.
Devido ao jogo, os funcionários públicos puderam ir para casa mais cedo e algumas escolas não funcionaram. O comércio também fechou mais cedo e lojas e agências bancárias que ficam no trajeto da manifestação colocaram tapumes para tentar proteger as instalações.
Em Salvador, no estado da Baía, houve um confronto entre polícias e manifestantes. Os polícias dispararam balas de borracha, conforme imagens transmitidas pela televisão brasileira.
Em São Paulo, cerca de 3000 pessoas reúnem-se para iniciar uma caminhada pela Avenida Paulista, onde o trânsito foi bloqueado.
Outras manifestações ocorrem em Belém, no estado do Pará, João Pessoa (Paraíba); e Recife (Pernambuco), onde a estimativa da polícia é de que mais de 52 mil pessoas estejam a participar.
As manifestações começaram no início de junho em São Paulo em protesto contra o aumento nos preços das passagens do transporte público.
Aos poucos, os protestos tomaram proporção nacional e na quarta-feira à noite as autoridades do Rio de Janeiro e de São Paulo anunciaram a revogação do aumento das tarifas.
Os protestos continuam hoje pedindo melhorias também nos setores de saúde e educação e exigindo o fim da corrução.
Alguns cartazes também pedem o fim da PEC-37, uma proposta de emenda constitucional que poderá restringir à polícia a capacidade de investigação criminal, retirando do Ministério Público esse tipo de poder.