Embora tenha tido uma vida privilegiada, a imagem do príncipe André, filho de Isabel II, tem sido abalada pelo escândalo sexual em que tem estado envolvido.
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Conde de Inverness, duque de York, ou simplesmente príncipe André, título pelo qual é mais conhecido e que o acompanhou desde que nasceu. Terceiro filho de Isabel II, cresceu nos corredores de Buckingham, em Londres, mas sempre viu o trono como um lugar longínquo. Ao longo da vida, abraçou cargos públicos, mas recentemente abandonou as funções, após se envolver num dos maiores escândalos sexuais da atualidade.
Bob Morris, perito em monarquia, explicou ao JN que o afastamento foi uma decisão pessoal, mas foi impulsionado pela rainha. Ainda assim, refere que até agora, e numa altura em que ainda não se sabe se será julgado, "as repercussões foram todas endereçadas ao príncipe, e não à monarquia".
Amigo íntimo de alguns dos maiores magnatas do Mundo, André tem visto o seu nome a circular nos jornais pelas piores razões. Aos 61 anos, as alegações de que esteve envolvido em tráfico de jovens menores assombram a sua imagem.
O irmão do príncipe Carlos está a ser acusado por Virginia Giuffre, atualmente com 38 anos, por ter cometido abusos sexuais contra si, por três vezes em 2001. A advogada diz que quando tinha 17 anos, Jeffrey Epstein, que também terá abusado dela dois anos antes, e Ghislaine Maxweel, a forçaram a ter sexo com o príncipe. Contudo, as acusações de Giuffre estão em risco.
Um novo trunfo na manga
A defesa do príncipe usou uma nova cartada no julgamento da passada terça-feira. Em causa, está um acordo assinado pela advogada que a impedia de divulgar os nomes dos envolvidos no escândalo, não permitindo que estes fossem julgados. O duque de York não é especificado no acordo, mas a defesa alega que o nome deste é extensível ao que ficou definido entre Giuffre e Epstein.
Vida na Coroa
André Alberto Cristiano Eduardo nasceu em Londres, em 1960. Nos primeiros 22 anos de vida, e até o nascimento do príncipe William, foi o segundo na linha de sucessão ao trono. Com uma infância de privilégios, André sentiu o peso de ser filho de uma monarca, recorda Richard Fitzwilliams, perito em monarquia. Isabel II deu à luz o terceiro filho quando já tinha alcançado o trono, o que fez com os primeiros anos de vida do príncipe fossem marcados pela ausência da mãe.
Em 1979, ingressou no Britannia Royal Naval College, para se formar na Marinha e foi neste âmbito que atuou como sub-tenente e voou em missões na Guerra das Malvinas. Visto como um exemplo, e mantendo "a imagem de pai extremoso", refere Fitzwilliams, André começou a ver a própria imagem a declinar quando foi associado a Epstein. Assim, em 2019, abandonou as funções públicas, optando por resguardar a coroa.
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Marinha e caridade
Além da carreira na Marinha, seguindo as pisadas do pai, o príncipe Filipe, que morreu em abril do ano passado, André também trabalhou de perto com várias instituições de caridade.
Divórcio difícil
Nos anos 80, casou com Sarah Ferguson, com quem teve duas filhas, a princesa Beatriz e a princesa Eugénia. Mais tarde, o casal acabou por se divorciar, fazendo correr muita tinta na Imprensa britânica. Ao longo dos últimos anos, os York optaram por recuperar a imagem de família unida.
Amizade profunda
Foi em 1999 que conheceu Epstein, através de Ghislaine Maxwell. Mesmo após estourar o escândalo, André admitiu não se arrepender da relação de amizade que manteve com o magnata, alegando que esta o ajudou a conhecer pessoas e a ter oportunidades úteis.
Venda de bens
Segundo o jornal "The Mirror", o duque de York está a ser forçado a vender uma propriedade para pagar os custos do processo que a rainha recusa assumir. O chalé está avaliado em mais de 20 milhões de euros.
Pode ser julgado
Se o tribunal ignorar os argumentos da defesa, o príncipe deverá voltar às barras dos tribunais entre setembro e dezembro deste ano
Caso Epstein
Foto com Giuffre
Numa entrevista à BBC, em 2019, André negou conhecer Giuffre, mantendo a versão mesmo depois de lhe ter sido apresentada uma foto onde surge abraçado à jovem. Segundo Richard Fitzwilliams, esta imagem é "o que mais tem atormentado a vida do príncipe".
Sem suspeitas
O duque de York disse à BBC que nunca suspeitou do comportamento de Epstein, que se suicidou na prisão em 2019, enquanto esperava para ser julgado. Maxwell foi recentemente condenada nos EUA por aliciar as menores a terem sexo.