Na passagem por Kiev e Irpin, líderes europeus pediram para a Ucrânia estatuto de candidato oficial imediato à União Europeia
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Diante da destruição de Irpin, a cidade que durante semanas resistiu à investida russa e travou o avanço da artilharia sobre Kiev, Mario Draghi atirou: "Tudo será reconstruído". O primeiro-ministro italiano deixou, assim, a garantia de reabilitação de um país onde se multiplicam as réplicas de Irpin, sobretudo a Leste, no cada vez mais devastado Donbass.
Com Draghi, estiveram ontem em Kiev e Irpin o presidente francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente romeno, Klaus Iohannis.
No mesmo percurso pela cidade destruída em 70%, a curta distância de Kiev, Olaf Scholz considerou que "Irpin, como Bucha, tornou-se um símbolo da crueldade inimaginável da guerra".
Macron, questionado pelos jornalistas sobre declarações recentes, em que dizia que a Rússia não deveria ser "humilhada", corrigiu a mão e, rodeado de edifícios e viaturas cravados de balas, assegurou: "A França está ao lado da Ucrânia desde o primeiro dia. Estamos ao lado dos ucranianos sem ambiguidades. A Ucrânia deve ser capaz de resistir e vencer".
Mais tarde, na conferência de imprensa conjunta, e depois da reunião dos quatro líderes europeus com o presidente ucraniano, o chefe de Estado francês anunciou que a França vai entregar à Ucrânia mais seis canhões "Caesar" (para além dos 12 já enviados), camiões equipados com um sistema de artilharia conhecido pela sua precisão. Uma resposta dos gauleses aos reiterados apelos de Kiev por armamento pesado e de longo alcance.
Candidato "imediato"
Os líderes francês, alemão, italiano e romeno estenderam a Zelensky o desejo de que o estatuto de candidato oficial "imediato" à adesão à União Europeia (UE) seja concedido à Ucrânia.
A posição foi anunciada depois do encontro, no Palácio Presidencial, com Volodymyr Zelensky. "Apoianos os quatro o estatuto de candidato imediato à adesão", disse o presidente francês, em conferência de imprensa. Macron acrescentou ainda que "este estatuto será acompanhado por um guia e irá ter em conta a situação nos Balcãs e na vizinhança, em particular na Moldova".
Também Mario Draghi garantiu que o seu país quer a integração da Ucrânia na UE. "Hoje, a mensagem mais importante da nossa visita é que Itália quer a Ucrânia na União Europeia", referiu.
O chanceler alemão seguiu na mesma linha, para assinalar que "a Alemanha apoia uma decisão positiva a favor da Ucrânia", assim como da Moldova. "A Ucrânia pertence à família europeia", rematou.
Zelensky respondeu que a Ucrânia está "pronta" a trabalhar para se tornar "membro de pleno direito" da UE. "Os ucranianos já conquistaram o direito de seguir este caminho e obter o estatuto de candidato".