Os agricultores, em protesto há vários dias, estão reunidos no centro de Madrid, onde, ao longo desta quarta-feira, irão chegar mais de 500 tratores. A marcha, que começa na Porta de Alcalá, tem como destino final o Ministério da Agricultura, Pescas e Alimentação e poderá causar constrangimentos no trânsito da capital.
Corpo do artigo
Em protesto há cerca de duas semanas, os agricultores espanhóis intensificam, esta quarta-feira, a contestação contra as políticas e regulamentos europeus para a agricultura. A "tratorada", organizada pela associação União de Uniões (UDU), tem como objetivo chamar a atenção do Ministério da Agricultura para aquilo que consideram ser a concorrência desleal de produtos importados de fora da União Europeia (UE), bem como para as consequências da inflação. Os trabalhadores exigem ainda uma ação imediata sobre os preços dos produtos e querem que o Executivo encerre as negociações sobre as importações de alimentos com países da América Latina, além de Nova Zelândia, Austrália e Índia.
As manifestações começaram por volta das 9.30 horas locais (menos uma hora em Portugal continental), mas alguns tratores tiveram que interromper a marcha nas entradas da capital por decisão da Guarda Civil, uma vez que foram identificados mais 150 tratores do que os 500 acordados com a Delegação do Governo.
A secretária de Estado da Agricultura e Alimentação, Begoña García Bernal, reconheceu, esta quarta-feira, o direito de mobilização das organizações agrárias, apelando à "responsabilidade partilhada" da UE, do Governo e das comunidades autónomas para atender aos pedidos reivindicados. A Câmara Municipal de Madrid mobilizou 80 para as estradas mais afetadas pela mobilização dos agricultores.
Em Almería, onde presidiu à assinatura de três acordos para a modernização do regadio, a governante lembrou a última reunião realizada na semana passada pelo ministro da Agricultura, Luís Planas, na qual propôs dezoito medidas em sete áreas definidas, garantindo que está a ser realizado um plano que será apresentado ao Conselho de Ministros da Agricultura da UE, na próxima segunda-feira, dia 26 de fevereiro. No mesmo dia, irá ocorrer uma grande manifestação no centro de Madrid, onde se juntarão as maiores confederações de agricultores.
O Ministério do Interior elevou, esta quarta-feira, para 51 os detidos nos protestos. Segundo o balanço anterior, as manifestações do setor levaram ainda à identificação de 8945 pessoas para possível sanção e 3189 queixas administrativas em aplicação da lei orgânica de segurança rodoviária.
Na terça-feira, também os agricultores polacos bloquearam inúmeros acessos a várias cidades e portos, bem como as passagens de fronteira com a Ucrânia, no maior dia de protesto registado até ao momento.
Um porta-voz do Grupo Nacional de Sindicatos de Agricultores e Organizações Agrícolas reiterou, em nome dos manifestantes, que exigem que Varsóvia se retire do Acordo Verde Europeu, que as importações agroalimentares da Ucrânia para a Europa sejam completamente proibidas e que seja permitida a atividade das fazendas de criação de animais para obtenção de peles.