O PSOE pediu uma recontagem no escrutínio de Madrid nas legislativas da última semana, onde apenas 1323 votos separam socialistas e populares, com o objetivo de retirar o 16.º deputado do PP pela capital e compensar a perda de um deputado na diáspora. Há 30 mil boletins anulados que serão agora analisados novamente.
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As contas para a formação de Governo em Espanha complicaram-se após a divulgação dos resultados das legislativas no estrangeiro ter contrariado as previsões e retirado um deputado ao PSOE, que passou a depender do apoio explícito dos catalães Junts, liderados por Puigdemont, exilado em Bruxelas e que será preso se entrar em Espanha. Os socialistas exigem agora uma recontagem em Madrid, para evitar que independentistas tenham mais força negocial. Estão em causa 30 mil votos declarados nulos na capital espanhola e que o socialistas querem agora recontar, já que a diferença entre PP e PSOE é pequena e todos os votos contam para desequilibrar o resultado.
"A diferença entre PP e PSOE é tão pequena que acreditamos que devemos ter a máxima garantia possível. Nenhum voto pode ficar de fora por não se fazer um pouco mais de esforço" na contagem, disse ao jornal espanhol "ABC" fonte socialista sobre a recontagem em Madrid. Se conseguir alterar o resultado em Madrid, o PSOE ganha o 11.º deputado por Madrid e o PP poderá ficar com 15. No pedido de abertura do processo de recontagem à Junta Eleitoral Provincial, os socialistas sublinham a influência fulcral do resultado que justifica "a abertura e revisão de todos os envelopes do escrutínio onde estão os votos nulos".
O sistema político espanhol vive destas pequenas alterações e foi o que aconteceu sexta-feira, quando a recontagem dos votos Cera (Censo Eleitoral de Residentes Ausentes) retirou um deputado aos socialistas e entregou o lugar ao PP. Com esta mudança, a direita (PP, VOX, UPN e Coligação Canárias) passa a ter 172 deputados e a esquerda (PSOE, Sumar, Bildu, PNV, BNG e ERC) 171, dificultando a vida a Sánchez, que já não pode contar com uma abstenção dos independestistas do Junts, mas com um voto a favor da investidura dos sete deputados catalães. Só dessa forma conseguirá obter os 176 lugares que lhe garantem maioria absoluta.
A formação de um novo Governo em Espanha estará nas mão do Junts per Catalunya, do antigo presidente catalão Carles Puigdemont, que se diz não alinhado com a esquerda nem direita. O partido já disse estar disponível para negociar com o PSOE, mas sublinhou que não dará posse a Pedro Sánchez "a troco de nada" e colocou como condições para negociar "a autodeterminação e a amnistia". A autodeterminação está relacionada com o referendo na Catalunha sobre a independência da região e a amnistia é para independentistas acusados e condenados pela justiça por causa do processo de 2017, que culminou com uma declaração unilateral de independência.
Puigdemont esclareceu sexta-feira que, nesta negociação, "quem acreditar que exercendo pressão ou praticando diretamente chantagem política obterá algum benefício tático, pode poupar-se a esse esforço. Pelo menos no meu caso", advertiu Puigdemont.