O presidente do Governo catalão ameaça votar formalmente a independência no parlamento regional se Madrid avançar com a suspensão da autonomia regional.
Corpo do artigo
Numa carta em que responde ao Governo espanhol, Carles Puigdemont assegura que, "se o Governo do Estado [espanhol] persiste em impedir o diálogo e continua a repressão", o parlamento regional "poderá proceder, se estima ser necessário, votar a declaração formal de independência que não votou no dia 10" de outubro.
8854845
Madrid tinha dado na segunda-feira uma "última oportunidade", até as 10 horas (09 horas de Portugal continental) desta quinta-feira, ao executivo catalão antes de ativar o artigo 155 da Constituição espanhola e "repor a legalidade" na comunidade autónoma da Catalunha.
Carles Puigdemont vem agora esclarecer explicitamente que, aquando da sua ida em 10 de outubro último ao parlamento catalão, "não votou" nenhuma declaração de independência e sublinhar que a sua "suspensão continua em vigor".
"Apesar de todos os nossos esforços e da nossa vontade de diálogo, tendo a única resposta sido a suspensão da autonomia, isso indica que não se está consciente do problema e que não se quer falar", conclui Puigdemont na carta enviada.
8850638
Depois de receber a missiva, o Governo espanhol convocou para sábado uma reunião extraordinária para "continuar os trâmites previstos no artigo 155 da Constituição para restaurar a legalidade no autogoverno da Catalunha".
Num comunicado enviado às redações, o gabinete do primeiro-ministro espanhol explica que, na reunião de sábado, irá tomar "as medidas que serão levadas ao senado [câmara alta] a fim de proteger os interesses gerais dos espanhóis, entre eles o dos cidadãos da Catalunha, e restaurar a ordem constitucional na Comunidade Autónoma".
Madrid "constata" que esta quinta-feira, "o último prazo estabelecido", o presidente da Generalitat (Governo regional) deu uma "negativa" ao requerimento em que se pedia para esclarecer "de forma clara e precisa" se alguma autoridade catalã tinha declarado a independência.
O executivo espanhol assegura que irá colocar "todos os meios que tem ao seu alcance para restaurar quanto antes a legalidade e a ordem constitucional, recuperar a convivência pacífica entre cidadãos e travar a deterioração económica" na Catalunha.
Madrid deverá assim avançar no sábado com medidas que ainda não são conhecidas para aplicar o artigo 155 da Constituição espanhola e passar a assumir o controlo da Catalunha, uma situação inédita desde a transição democrática iniciada em 1977.