Os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e dos EUA, Barack Obama, conversaram por telefone sobre a conferência de paz sobre a Síria que começa esta quarta-feira na cidade suíça de Montreaux.
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O anúncio do telefonema entre os dois líderes mundiais, que têm tido posições contrários sobre o conflito na Síria, foi feito pelo próprio Kremlin.
A Oposição síria vai participar na conferência "Genebra II", que se inicia esta quarta-feira, depois de o secretário-geral da ONU ter retirado o convite ao Irão.
O encontro arranca na cidade suíça de Montreaux, com uma sessão ministerial que contará com a presença de 40 países e quatro organizações internacionais, e continuará em Genebra, a partir de sexta-feira, com negociações entre o Governo e a Oposição síria.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português defende que seria desejável "que todos os intervenientes" participassem na conferência de paz, mas considerou que a ausência do Irão não irá comprometer os resultados.
Esta terça-feira, o avião onde viajava o chefe da diplomacia síria ficou retido durante mais de três horas em Atenas, por não ter sido reabastecido, devido ao embargo internacional.
Imagens documentam torturas
Pelo menos 11 mil pessoas terão sido torturadas e executadas pelo regime sírio desde o início da guerra civil, em março de 2011, até agosto do ano passado, de acordo com um relatório elaborado por três antigos procuradores internacionais com base em provas fornecidas por um desertor da polícia militar.
O documento, divulgado em primeira mão pelo canal de televisão americano CNN e o jornal britânico "The Guardian", refere que há provas evidentes do envolvimento "de membros do governo sírio". O regime de Bashar al-Assad já negou as acusações.
De acordo com os autores do relatório - divulgado nas vésperas da conferência "Genebra II" -, a prova documental poderá sustentar uma acusação por crimes de guerra e contra a humanidade.
"As provas documentam matanças à escala industrial", sublinhou ao "The Guardian" Desmond de Silva, um dos autores.
O relatório foi encomendado pelo Qatar, que apoia a Oposição na luta contra o regime de Assad, a três ex-procuradores dos Tribunal Especial para a Serra Leoa e Tribunal Especial Internacional para a Antiga Jugoslávia.
O documento - entregue já ONU, a diversos governos e organizações de defesa dos direitos humanos - foi elaborado com base em 24 mil fotografias tiradas por um desertor da polícia militar, apelidado de "César", e outros sírios. As imagens mostram corpos nus, com sinais evidentes de tortura e de subnutrição.
"César" trabalhou durante 13 anos na polícia militar. Segundo a CNN, quando a guerra civil começou na Síria, o seu trabalho consistia exclusivamente em fotografar os corpos dos detidos torturados, chegando a fotografar 50 vítimas por dia.
De acordo com o "The Guardian", o polícia desertor conseguiu fugir com a ajuda do Movimento Nacional Sírio, apoiado pelo Qatar. Há um ano, encontrou-se com os três procuradores que elaboraram o relatório e contou-lhes tudo o que tinha vivenciado.