O presidente da Rússia, Vladimir Putin, visitou Kursk e manifestou, na quarta-feira, a esperança de que o Exército de Moscovo esteja prestes a "libertar totalmente" esta região russa. Enquanto isso, a Ucrânia deu a entender que estava a retirar tropas face aos rápidos avanços russos.
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Na sua primeira visita à região de Kursk desde que a Ucrânia lançou a sua contraofensiva de choque em agosto, Putin, vestido com camuflagem do Exército, celebrou os ganhos recentes e incitou as suas tropas. "Estou a contar com o facto de que todas as tarefas de combate enfrentadas pelas nossas unidades serão cumpridas e o território da região de Kursk será em breve completamente libertado do inimigo", disse em comentários divulgados na televisão.
As forças russas retomaram 24 localidades na região fronteiriça nos últimos cinco dias, disse o chefe do Estado-Maior, Valery Gerasimov, ao líder de Moscovo.
Minutos depois de as imagens dos comentários de Putin terem sido transmitidas na televisão estatal russa, o comandante do Exército ucraniano sugeriu que as suas tropas estavam a recuar para minimizar as perdas.
"Na situação mais difícil, a minha prioridade foi e continua a ser salvar as vidas dos soldados ucranianos. Para este fim, as unidades das forças de defesa, se necessário, manobram para posições mais favoráveis", afirmou o comandante-chefe Oleksandr Syrsky numa publicação no Facebook, numa linguagem tipicamente utilizada para descrever uma retirada.
No entanto, acrescentou: "Apesar da crescente pressão do exército russo/norte-coreano, manteremos a defesa na região de Kursk enquanto for apropriado e necessário".
A Ucrânia e os seus aliados dizem que mais de 10 mil soldados norte-coreanos estão a combater pela Rússia em Kursk. Gerasimov disse que a Rússia capturou 430 soldados ucranianos na região, enquanto Syrsky disse que 942 russos foram feitos prisioneiros de guerra.
Putin disse que os combatentes ucranianos capturados deveriam ser "tratados como terroristas, de acordo com as leis da Federação Russa", sugerindo que poderiam enfrentar julgamentos em tribunais russos e ficar presos durante décadas. A Rússia já levou vários combatentes ucranianos capturados a julgamento por "terrorismo". A Convenção de Genebra proíbe levar a julgamento combatentes capturados pelo seu envolvimento em hostilidades armadas.
Gerasimov disse que a Rússia tinha retomado cerca de 1100 quilómetros quadrados de território na região de Kursk — a grande maioria do que a Ucrânia tomou inicialmente na sua surpreendente incursão de agosto de 2024. O sucesso russo no campo de batalha acontece numa altura em que os Estados Unidos salientam querer que a Rússia concorde "incondicionalmente" com um cessar-fogo completo de 30 dias — um plano apoiado por Kiev.
A Ucrânia esperava usar o seu domínio na região de Kursk como moeda de troca nas conversações de paz com Moscovo.