O eurodeputado alemão Michael Gahler reiterou a necessidade de apoiar a Ucrânia a nível militar, de modo a que a Rússia não alcance vitórias que possam incentivar avanços noutros territórios europeus. O também líder da Comissão dos Negócios Estrangeiros do Parlamento Europeu deixou algumas críticas aos entraves colocados pelo próprio país na entrega de material bélico para Kiev.
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Na perspetiva do eurodeputado do Partido Popular Europeu (PPE), a chave para que a Ucrânia consiga uma vitória consistente neste conflito, sem que tenha de fazer cedências territoriais, é um "envio de armas por parte dos países europeus", deixando uma crítica às barreiras que o Governo alemão tem estabelecido relativamente à entrega de armamento ao país invadido. "Temos de estar preparados para ajudar a Ucrânia em vários níveis", defendeu Gahler durante o seminário "What are we doing for Ukraine?", que decorre em Estrasburgo, França.
Preocupado com os avanços que o regime russo está a alcançar no terreno ao tentar "diminuir a existência da Ucrânia enquanto estado soberano", o conservador alemão considerou que, se não houver uma ação coletiva europeia que demonstre unidade, "Putin não irá hesitar em invadir outros países", sobretudo os que se encontram mais perto da fronteira russa.
Alertando sobre as ambições expansionistas do Kremlin, Gahler diz acreditar que Vladimir Putin, presidente russo, quer "recuperar o antigo império soviético", alertando que Moscovo não "conhece limites" e que deve ser travado pela comunidade internacional, numa altura em que se têm observado violações do Direito Internacional. "Não podemos permitir que os países sejam vítimas dos jogos de Putin. É uma escolha nossa estar nesta posição", sublinhou. Ainda assim, o eurodeputado mostra-se cauteloso com os próximos passos no âmbito negocial.
"O regresso à mesa de negociações só deverá acontecer quando a Ucrânia estiver numa posição forte", disse, enaltecendo que esta confiança por parte das autoridades ucranianas só ficará sustentada com o envio de mais armamento e um apoio no processo de integração europeia, que já tem vindo a ser concretizado, sobretudo depois dos estados-membros aceitarem o país liderado por Volodymyr Zelensky como candidato à integração.
Gahler destacou ainda a importância do papel que a NATO tem assumido desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, felicitando a unidade com que a Aliança Atlântica respondeu à ameaça russa às portas da Europa. "A Rússia não estava à espera desta atitude. Hoje a NATO está mais próxima", frisou.
Esta semana, numa carta aberta, e em conjunto com mais cinco legisladores da União Europeia (UE), entre os quais eurodeputados da Lituânia, França e Polónia, Gahler exortou o chanceler alemão Olaf Scholz a tomar medidas imediatas para a ajudar a Ucrânia contra a agressão russa. "Chegou o momento de agir, e o chanceler Scholz deve fazê-lo agora", pode ler-se no apelo.