Putin tem "responsabilidade moral" por morte de britânica envenenada com novichok

Dawn Sturgess foi contaminada pela substância neurotóxica meses após o envenenamento do ex-espião Serguei Skripal
Foto: AFP
O presidente russo, Vladimir Putin, tem a "responsabilidade moral" pela morte em 2018 de uma britânica, vítima colateral do envenenamento com novichok do ex-espião russo Serguei Skripal, segundo uma investigação independente divulgada esta quinta-feira.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros britânico anunciou que convocou o embaixador russo em Londres, Andrei Kelin, e impôs sanções à "totalidade" do serviço de inteligência militar russo (GRU), considerado responsável pela morte, após uma operação contra Skripal.
Dawn Sturgess, de 44 anos, foi contaminada pela substância neurotóxica alguns meses após o envenenamento do ex-espião e da filha Yulia, que sobreviveram, em Salisbury, cidade no sudoeste de Inglaterra. A mulher usou o que acreditava ser um perfume, num frasco que o companheiro tinha encontrado no lixo em Amesbury, a cerca de 15 quilómetros de Salisbury.
O caso provocou uma crise diplomática entre os dois países e expulsões recíprocas de diplomatas. A Rússia sempre negou estar envolvida na morte da cidadã britânica.
"Os envenenamentos de Salisbury chocaram a nação e as conclusões de hoje lembram gravemente o desprezo do Kremlin pelas vidas dos inocentes. A morte desnecessária de Dawn é uma tragédia", declarou o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, citado no comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Dawn Sturgess é a "vítima inocente de uma tentativa de assassinato realizada por agentes de uma organização estatal russa nas ruas de Salisbury", declarou o presidente da investigação, Anthony Hughes, após a publicação do relatório. A conduta dos agentes do GRU, "dos seus superiores e de quem autorizou a missão, incluindo o presidente Putin, foi de uma imprudência incrível", aponta o relatório. "Existe um vínculo direto entre as ações desses indivíduos e a morte de Dawn Sturgess. Eles, por si só, carregam a responsabilidade moral por este acontecimento", acrescentou.
Três agentes dos serviços de inteligência russos foram acusados na investigação penal britânica e estão sujeitos a mandados de prisão.
Em julho, o Reino Unido sancionou 18 "espiões" e três unidades do serviço de inteligência militar russo (GRU), acusados de "ter conduzido uma campanha maliciosa online durante vários anos".
