O Projeto MOSCAT (Morte Súbita Catalunha), em Espanha, descobriu que 9,5% das mortes súbitas em pessoas com menos de 35 anos têm origem numa causa cardíaca hereditária.
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"Os testes genéticos identificaram fatores hereditários ligados a patologias cardíacas em 9,5% dos casos envolvendo pessoas até aos 35 anos que morreram subitamente, sem causa identificável", informou na segunda-feira a agência EFE.
O projeto, que investiga as causas cardiovasculares de mortes súbitas inesperadas, analisou mais de 1.200 casos, destacando que a iniciativa foi promovida pelo grupo de Genética Cardiovascular do Instituto de Investigação Biomédica Josep Trueta de Girona (IDIBGI).
Para o estudo, publicado na revista científica "Journal of Molecular Diagnostics", foram estabelecidos dois grupos de casos: um grupo correspondia a 685 pessoas até aos 35 anos e 567 indivíduos, entre os 36 e os 50 anos, faziam parte de outra amostra.
No primeiro grupo, os testes detetaram agentes patogénicos (que causam doenças) cardíacos em 9,5% das mortes.
A maior taxa de incidência genética detetada foi nas mortes por aneurismas da aorta torácica (rotura de uma parte da artéria devido à fragilidade da parede arterial) e miocardite (inflamação do miocárdio), com 33,3%, sendo o miocárdio o músculo cardíaco que forma a maior parte da parede do coração. A aorta é a artéria responsável por transportar o sangue rico em oxigénio do coração para todos os órgãos e tecidos do corpo.
Testes genéticos recomendados
Com base nos dados, os investigadores recomendaram testes genéticos de rotina ao grupo com 685 pessoas, para detetar alterações no DNA que possam estar associadas a doenças hereditárias ou a riscos para a saúde.
No segundo grupo, a taxa de morte súbita associada a causas genéticas foi mais baixa (4,9%), sendo os aneurismas da aorta torácica a principal causa (33%).
Nestes casos, os investigadores sugerem recorrer a testes genéticos apenas quando a autópsia não esclarece a causa da morte ou quando há suspeita de cardiopatia estrutural hereditária (doenças cardíacas com alterações na estrutura do coração que são transmitidas de pais para filhos).
O chefe do Serviço de Cardiologia de Trueta e um dos pricipais autores do estudo, Ramon Brugada, disse que "identificar uma causa genética permite-nos detetá-la nos familiares do falecido e implementar medidas preventivas, como exames cardiológicos regulares".
A morte súbita é um dos fatores de mortalidade mais comuns, especialmente entre os menores de 50 anos, e as doenças cardíacas são a principal causa destas mortes inesperadas, frequentemente associadas a doenças hereditárias, segundo o IDIBGI.