Quase 30 participantes de festividade muçulmana raptados por homens armados na Nigéria

Foto: Kola Sulaimon/AFP
Um grupo de homens armados raptou no domingo 28 pessoas, incluindo mulheres e crianças, que se deslocavam para uma festividade muçulmana no centro da Nigéria, segundo as forças de segurança.
"Na noite de 21 de dezembro, homens armados raptaram 28 pessoas, incluindo mulheres e crianças, quando viajavam para uma celebração do Mawlid", perto da aldeia de Zak, no estado de Plateau, segundo um relatório de segurança preparado para as Nações Unidas e consultado pela AFP.
O grupo deslocava-se para o evento que comemora o nascimento do Profeta Maomé quando o seu veículo foi "intercetado", refere o relatório, acrescentando que a polícia abriu uma investigação.
A polícia do estado de Plateau, contactada pela AFP, não respondeu de imediato.
O rapto teve lugar no mesmo dia em que as autoridades nigerianas garantiram a libertação de 130 alunos raptados em 21 de novembro por homens armados no dormitório de uma escola católica na região centro-norte do país.
Uma centena de alunos da mesma escola, também raptados a meio da noite, já tinham sido libertados no início de dezembro.
"Cerca de 130 outros estudantes raptados no estado do Níger foram libertados, nenhum permanece em cativeiro", afirmou Sunday Dare, porta-voz da presidência nigeriana, numa mensagem publicada na rede social X.
A Nigéria, o país mais populoso de África, com 230 milhões de habitantes, está quase igualmente dividida entre um norte predominantemente muçulmano e um sul maioritariamente cristão, e enfrenta uma situação de segurança gravemente deteriorada.
O país tem vivido uma onda de raptos em massa que faz lembrar o rapto de quase 300 raparigas pelo grupo extremista Boko Haram em Chibok, em 2014.
Além da insurgência 'jihadista' ativa desde 2009 no nordeste do país, os últimos anos têm sido marcados por ataques, pilhagens e raptos perpetrados por bandidos, motivados mais por interesses financeiros do que ideológicos, nas regiões noroeste e central desta nação da África Ocidental.
Os ataques na Nigéria têm como alvo e matam tanto cristãos como muçulmanos, muitas vezes indiscriminadamente.
A Associação Cristã da Nigéria (CAN) informou que 315 alunos e funcionários foram raptados e cerca de 50 deles conseguiram escapar pouco tempo depois.
Em novembro, registou-se uma grande onda de raptos em que mais de 400 nigerianos - estudantes muçulmanas, membros de uma igreja evangélica, agricultores, uma noiva e as suas damas de honor --- foram raptados em 15 dias, abalando profundamente o país.
O aumento de raptos levou o Presidente Bola Tinubu a declarar o estado de emergência nacional no final de novembro e a ordenar o recrutamento de polícias e militares para combater os grupos armados.
A onda de raptos ocorreu também no meio de declarações do Presidente norte-americano, Donald Trump, sobre a alegada perseguição dirigida a cristãos na Nigéria por parte de "terroristas islâmicos", um fenómeno negado por Abuja e por especialistas independentes.
