O Governo do Chade apelou esta quarta-feira à mobilização geral da população face às inundações, que já causaram 576 mortos no país desde julho, com a subida do rio Chari que já invadiu vários bairros da capital, N´djamena.
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As águas do rio Chari, que se junta ao seu afluente Logone em N'djamena, "não param de subir" e atingiram hoje um nível recorde, declarou o primeiro-ministro, Allah-Maye Halina, numa reunião de crise em que participou o Estado-Maior do Exército.
Desde o final de julho, as inundações afetaram mais de 1,9 milhões de pessoas, ou seja, mais de 10% da população deste país desértico da África Central, segundo os últimos dados do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) no Chade, datados de 4 de outubro.
Enquanto os soldados já foram destacados para construir "barragens e faixas para conter o fluxo de água em direção às casas", o Primeiro-Ministro apelou às empresas para que "mobilizem as suas máquinas" e disponibilizem aterros.
"Cada minuto é precioso", advertiu.
Desde o início do verão, a província do Lago Chade foi a mais atingida pelas inundações, mas nenhuma região foi poupada, com 119 dos 125 departamentos do país afetados, mais de 217.000 casas destruídas, 432.000 hectares de campos devastados e 72.000 cabeças de gado afogadas, de acordo com os últimos dados do OCHA.
A chuva torrencial, "uma lembrança clara do impacto crescente das alterações climáticas", assola várias regiões do continente africano, matando mais de 1.500 pessoas, afetando quatro milhões e deslocando mais de 1,2 milhões no Burkina Faso, Camarões, Chade, Mali, Nigéria, Níger e Guiné, segundo dados publicados no final de setembro pela Organização Internacional para as Migrações (OIM).
A ONU já tinha alertado, no início de setembro, para o impacto das chuvas torrenciais na África Ocidental e Central, nomeadamente no Chade, apelando a uma "ação imediata e a um financiamento adequado" para fazer face à "crise climática".
As necessidades de ajuda ao Chade devido a esta catástrofe estão estimadas em 129 milhões de dólares, entre destruição e assistência às vítimas, e, segundo Ocha, cerca de 15% desse montante está atualmente coberto.