Caso de espancamento policial está originar protestos e manifestações. Em causa está também um novo projeto de lei que quer impedir divulgação de vídeos da atuação das forças de segurança.
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Os quatro polícias franceses que no dia 21 de novembro sovaram, em Paris, o produtor musical negro Michel Zecler - estava a entrar para o seu local de trabalho, um estúdio privado, e não usava máscara de proteção covid -, vão ser acusados criminalmente, anunciou o Procurador de Paris.
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Três dos polícias ficam em regime de prisão preventiva e um em regime domiciliário. Os quatro agentes da autoridade, que já estavam suspensos de funções, foram detidos para interrogatório em 27 de novembro. Para essa decisão foi fundamental o aparecimento de uma gravação de câmaras de videovigilância que mostrava a clara agressão e espancamento do produtor de música Michel Zecler.
Sobre os polícias pesam agora acusações criminais de "violência intencional de titular de autoridade pública", com agravantes de racismo e "falsificação de testemunho".
Manifestantes corridos a gás
Este caso de violência policial em França gerou indignação geral em Paris e noutras cidades francesas, tanto de figuras do governo como de várias celebridades e de milhares de cidadãos comuns.
Estes saíram à rua em protesto nos dois últimos fins de semana, tendo havido distúrbios - barricadas, arremesso de pedras, carros e mobiliário urbano incendiados - e confrontos com a polícia, que, no caso de anteontem, em Paris, reagiu com descargas de gás lacrimogéneo.
Lei de Imprensa em risco?
Os manifestantes franceses juntavam à agressão sobre Michel Zecler uma outra razão de protesto: um novo projeto de lei que limita a liberdade de imprensa sobre a divulgação de imagens, em vídeo ou fotografia, que mostrem ação policial "com intenção de causar dano".
Estão previstas multas de 45 mil euros e penas de prisão que podem chegar, em certos contextos, a um ano de encarceramento.
A liberdade da Imprensa está agora em risco, acusam diversas associações e sindicatos ligados aos jornalistas em França.
Em causa estará o artigo 24, que dita as penas nesse projeto de lei. Face à polémica, o primeiro-ministro Jean Castex chegou a propor a criação de uma comissão independente que pudesse examinar e emendar o polémico projeto de lei, mas levantaram-se críticas no Senado e na Assembleia Nacional. O caso está agora entregue ao Parlamento francês.