Descida nas ações do maior banco alemão devem-se a um pico nos "Credit Default Swaps". Líderes da União Europeia asseguram que rede bancária é segura.
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As ações do maior banco da Alemanha chegaram ontem a cair mais de 12%, quase duas semanas após a falência do norte-americano Silicon Valley Bank. Num dia em que as bolsas europeias registaram quedas acentuadas, com a banca a cair para os níveis mais baixos em três meses, o Deutsche Bank encerrou o dia a desvalorizar 8,53%, o que constituiu a maior queda em nove meses, depois de três dias consecutivos a registar descidas acentuadas.
Esta tendência surgiu na sequência de um pico nos "Credit Default Swaps" (CDS) do Deutsche Bank - produto financeiro que funciona como contrato de seguro que protege o investidor contra o incumprimento do emitente -, uma vez que no dia de ontem os juros associados aos CDS relativos à dívida sénior do banco germânico, com maturidade a cinco anos, subiram para os níveis mais altos dos últimos cinco anos, justificando o maior risco atribuído pelos investidores à dívida da instituição bancária.
Além do Deutsche Bank, outras entidades com uma alta taxa de exposição ao crédito a empresas também sofreram uma desvalorização em bolsa, como foi o caso do Commerzbank e da Société Générale de França, o que alguns analistas classificam como uma situação impulsionada pelo medo.
Líderes acalmam temores
O recente colapso do Silicon Valley Bank e a venda do Credit Suisse impulsionaram uma agitação nos mercados, levantando questões sobre a estabilidade do setor financeiro, numa altura em que os bancos centrais aumentam as taxas de juro e a inflação não para de escalar. Porém, poderá não haver razão para tanto alarme.
"Da mesma forma que surgiu a esperança de que o contágio seria contido, as ações de bancos na Europa foram novamente atingidas pelos temores de que novos problemas poderiam estar à espreita", disse Susannah Streeter, diretora da empresa de serviços financeiros Hargreaves Lansdown, em declarações ao "The Guardian".
Também Olaf Scholz, chanceler da Alemanha, se pronunciou sobre os receios e garantiu, no final da reunião do Conselho Europeu, que "o Deutsche Bank se modernizou e se reorganizou fundamentalmente. É um banco muito lucrativo", referiu o líder, ao assegurar: "Não há razões para preocupações".
Já Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), garantiu aos líderes europeus, ontem reunidos em Bruxelas, que "o setor bancário da Zona Euro é resiliente porque tem posições fortes em termos de capital e liquidez", cita a AFP. Ainda assim, a líder do BCE apelou para que se conclua a união bancária, com o objetivo de garantir maior proteção dos depósitos dos europeus.
Bancos são muito seguros
Por sua vez, Mark Rutte, primeiro-ministro dos Países Baixos, argumentou que "os fundamentos essenciais da rede bancária e a supervisão no bloco dão a absoluta clareza de que os bancos europeus são muito seguros".
Anteriormente, a agência Moody"s já tinha comunicado, numa nota de análise publicada esta semana, que está confiante de que as autoridades responsáveis "irão ser bem-sucedidas, de um modo geral", na moderação da agitação que tem ensombrado a banca mundial.
No início da semana, as principais praças europeias tinham registado subidas, após a aquisição do Credit Suisse pelo UBS, uma operação que se seguiu a alguns dias de tensão no setor bancário e justificada com a necessidade de restaurar a confiança do sistema financeiro.