A atiradora que matou duas crianças e feriu pelo menos outras 17 numa escola católica em Minneapolis foi identificada como Robin Westman, uma mulher transexual de 23 anos.
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Robin Westman abriu fogo através dos vitrais de uma igreja na Escola Católica Annunciation, onde estudou, durante uma missa comemorativa do regresso às aulas, repleta de crianças, por volta das 8.30 horas de quarta-feira. A atiradora foi encontrada morta mais tarde, com um alegado ferimento de bala autoinfligido, atrás da igreja.
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Poucas horas antes, Westman publicou uma série de vídeos no YouTube, que incluíam um manifesto, confirmou o chefe da polícia de Minneapolis, Brian O'Hara, numa conferência de imprensa. Os vídeos, entretanto apagados do YouTube, mas divulgados no X (antigo Twitter) mostram um manifesto escrito à mão e as palavras "matar Donald Trump" e "pelas crianças" rabiscadas em carregadores de armas.
Grande parte do manifesto está escrito num código simples que utiliza caracteres cirílicos e palavras fonéticas do inglês. Nos textos, fantasia sobre "ser aquele monstro horrível e assustador que paira sobre aquelas crianças impotentes" e confessa a sua admiração por assassinos em massa, incluindo, entre outros, o atirador de Sandy Hook, em 2012; o atirador da Sinagoga Tree of Life, em Pittsburgh, em 2018; e o atirador da mesquita em Christchurch, Nova Zelândia, em 2019.
Warning, ‼️ This video is the Manifesto from The transgender Robin or Robert Westman
- Susie Pollick . (@nadjiasusie) August 27, 2025
Please use caution while watching
He she shows all the weapons and all the writings he wrote
Mental illness is very disturbing
Laughing saying fuck those kids
Please use... pic.twitter.com/A6wQfLDaLa
Segundo O'Hara, Robin Westman não tinha antecedentes criminais, tendo apenas algumas multas de trânsito em setembro de 2021.
Ataque planeado meticulosamente
O ataque de Robin Westman parece ter sido calculado e premeditado. As notas são datadas do final de julho, indicando que a suspeita preparava o ataque há mais de um mês. Num dos vídeos publicados pela atiradora diz: "Sinto muito pela minha família. São as únicas pessoas a quem peço desculpas".
"Estou a sentir-me bem com Annunciation. Parece uma boa combinação de ataque fácil e tragédia devastadora e quero pesquisar mais. Estou preocupada em encontrar um grupo suficientemente grande. Quero evitar pais, mas antes e depois da escola", lê-se no diário, segundo partes transcritas pelo "The New York Post". "Talvez pudesse atacar um evento na igreja local. Acho que atacar um grupo grande de crianças a voltar do recreio é o meu melhor plano. De lá, posso entrar e matar".
Perto do final do vídeo, vira o caderno para uma página com um diagrama da igreja, esfaqueia-o com uma faca e murmura baixinho: "Matar-me".
Minneapolis, Minnesota transgender shooter Robin Westman's manifesto, removed from YouTube, shows a church layout and attack plan matching police reports.
- Professor Nez (@professornez) August 27, 2025
He turns to the layout page and stabs it with a knife.
HORRIFIC! This is a mental disease and Tampon Tim and the... pic.twitter.com/CharvzJWgq
No vídeo, Robin Westman também indica que sabia que o tiroteio culminaria na sua morte e reclamou de aparentes problemas de saúde. "Acho que posso ter problemas de próstata. Preciso de urinar com tanta frequência e estou farto disso. Mesmo que eu consiga curar-me, continuo a querer morrer e matar muita gente", escreveu no diário.
Em conferência de imprensa, o chefe da polícia de Minneapolis confirmou que a suspeita tinha comprado "recentemente" duas espingardas e uma pistola legalmente.
Mãe trabalhou na escola
Robin Westman era um dos três filhos de Mary Grace e James Allen Westman, que se divorciaram em 2013 após 25 anos de casamento. A mãe trabalhava como secretária paroquial na escola atacada até se reformar em 2021.
The shooter Robin Westman's mother who worked for the Annunciation Catholic Church, and his pics over the years. pic.twitter.com/EXzQHa6iqW
- Bella (@stockbella) August 27, 2025
A atiradora frequentou a Escola Católica Annunciation e concluiu o oitavo ano em 2017. Robin Westman pretendia frequentar a Powell Leadership Academy, em Minneapolis, uma das muitas escolas administradas pela Minnesota Transitions Charter School. Um funcionário da Minnesota Transitions Charter School confirmou ao "Star Tribune" que a jovem frequentou uma das suas escolas por um breve período antes de se transferir para a Saint Thomas Academy, uma escola só para rapazes, no subúrbio de Mendota Heights, em Twin Cities.
Em declarações à "Associated Press", o ex-representante estadual do Kentucky, Bob Heleringer, identificou-se como tio de Robin Westman, embora tenha afirmado que "mal a conhecia". "Eles nunca moraram em Louisville. Moravam em Minnesota. Era minha sobrinha e eu gostaria que tivesse disparado contra em mim em vez de contra crianças inocentes", disse.
Mudança de nome
Robin Westman solicitou a mudança do seu nome de nascimento de Robert para Robin no Condado de Dakota, Minnesota, quando tinha 17 anos, de acordo com documentos judiciais. A mudança de nome foi concedida em janeiro de 2020. Westman "identifica-se como mulher e quer que o seu nome reflita essa identificação", lê-se.
Porém, os cadernos revelam um visão mais complexa da identidade sexual e de género de Robin Westman. "Não me quero vestir de forma feminina o tempo todo, mas acho que às vezes gosto muito disso. Sei que não sou uma mulher, mas definitivamente não me sinto um homem", escreveu no manifesto. "Gosto muito da minha roupa. Estou bonita, elegante e modesta. Acho que quero usar algo assim para as minhas filmagens".

Foto: X
Funcionária de dispensário de canábis medicinal
Robin Westman também era funcionária dos dispensários de canábis medicinal da Rise. Um colega de trabalho disse, em entrevista ao "Star Tribune", que a suspeita trabalhava como especialista em cuidados pessoais, interagindo com pacientes no programa de canábis medicinal de Minnesota. Tendo já sido punida anteriormente por atrasos e faltas, Westman terá parado de trabalhar no dispensário a 16 de agosto.

