O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, anunciou segunda-feira a demissão depois de enfrentar uma crescente perda de apoio tanto no seu partido como no país, havendo agora a necessidade de escolher um sucessor.
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O que é que se segue para o Canadá?
É pouco provável que seja nomeado um novo líder canadiano antes da tomada de posse de Trump, a 20 deste mês.
A agitação política surge num momento difícil para o Canadá. Trump continua a chamar ao Canadá o 51.º Estado e ameaçou impor tarifas de 25% sobre todos os produtos canadianos se o Governo não travar o que Trump chama de fluxo de migrantes e drogas para os Estados Unidos -- apesar de a grande maioria atravessar a fronteira a sul, com o México, que Trump também ameaçou com o aumento das tarifas.
Trump também continua preocupado com o défice comercial de 75.000 milhões de dólares (cerca de 72.000 milhões de euros) dos Estados Unidos com o Canadá, chamando-lhe erradamente um subsídio.
Se Trump aplicar direitos aduaneiros, prevê-se uma guerra comercial, em que o Canadá já garantiu que irá retaliar.
Quando é que haverá um novo primeiro-ministro?
Os liberais têm de eleger um novo líder antes do recomeço do Parlamento, a 24 de março, porque os três partidos da oposição afirmam que vão derrubar o governo liberal num voto de desconfiança na primeira oportunidade, o que provocaria eleições.
O novo líder poderá não ser primeiro-ministro durante muito tempo.
Uma eleição na primavera favoreceria muito provavelmente o Partido Conservador, na oposição.
Mark Carney apontado para o cargo
Não é frequente os governadores dos bancos centrais serem comparados a estrelas de rock. Mas Mark Carney, o antigo diretor do Banco do Canadá, foi considerado isso mesmo em 2012, quando foi nomeado e se constituiu como o primeiro estrangeiro a ocupar o cargo de governador do Banco de Inglaterra desde a sua fundação em 1694.
A nomeação de um canadiano mereceu elogios bipartidários na Grã-Bretanha, depois de o Canadá ter recuperado mais rapidamente do que muitos outros países da crise financeira de 2008. Ao longo do seu percurso, ganhou a reputação de ser um regulador duro.
É um economista altamente qualificado, com experiência em Wall Street, a quem se atribui o mérito de ter ajudado o Canadá a evitar o pior da crise económica global de 2008 e de ter ajudado o Reino Unido a gerir o Brexit.
Segundo a agência noticiosa Associated Press (AP), que cita fontes sob anonimato, há muito que Carney está interessado em entrar na política e tornar-se primeiro-ministro, mas não tem experiência política.
Chrystia Freeland, uma mulher considerada "totalmente tóxica" por Trump
A ex-ministra Chrystia Freeland é também uma das principais candidatas. Em dezembro, Trudeau disse a Freeland que já não a queria como ministra das Finanças, mas sim como vice-primeira-ministra e a pessoa indicada para as relações entre os Estados Unidos e o Canadá.
A fonte sublinhou que Freeland não poderia continuar a servir como ministra sabendo que já não gozava da confiança de Trudeau, embora tenha salientado ser muito cedo para fazer declarações. No entanto, indicou que Freeland falaria com so seus colegas esta semana para discutir os próximos passos.
Depois de Freeland se demitir, Trump considerou-a "totalmente tóxica" e "nada propícia para fazer acordos".
Segundo a AP, Freeland representa muitas coisas que parecem irritar Trump: é uma antiga jornalista canadiana liberal, é uma globalista que faz parte do conselho de administração do Fórum Económico Mundial, é de origem ucraniana e também tem sido uma firme apoiante da Ucrânia na sua guerra contra a Rússia.
Outro possível candidato é o novo ministro das Finanças, Dominic LeBlanc.
Antigo ministro da Segurança Pública e amigo íntimo de Trudeau, LeBlanc juntou-se recentemente ao primeiro-ministro num jantar com Trump em Mar-a-Lago. LeBlanc foi 'babysitter' de Trudeau quando este era criança.