O ataque a Israel feito pelo Hamas, a 7 de outubro, resultou em milhares de mortes, mas também no sequestro de centenas de pessoas. Entre os reféns, há elementos de diversas nacionalidades e idades, mas pouco se sabe sobre o futuro dos sequestrados. Ontem, uma refém gravou um vídeo onde pede para ser libertada.
Corpo do artigo
O Estado hebraico confirmou, na segunda-feira, que 199 pessoas foram raptadas pelo Hamas, enquanto o grupo alega manter cerca de 250. Uma das reféns é Mia Shem, que fez uma declaração num vídeo divulgado pelos islamitas. A cidadã franco-israelita disse que, por conta de um ferimento no braço, foi tratada num hospital de Gaza, onde passou por uma cirurgia de três horas. Shem pediu ainda para sair o mais rapidamente possível do cativeiro.
O vídeo gerou indignação no presidente francês Emmanuel Macron. "É uma ignomínia fazer pessoas inocentes reféns e exibi-las desta forma odiosa", lamentou o chefe de Estado, citado no comunicado do Palácio do Eliseu. Keren Shem pediu esta terça-feira a libertação da filha. "Eu imploro ao Mundo pelo regresso da minha bebé", pediu a mãe da jovem de 21 anos, numa conferência de imprensa em Telavive.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) consideraram o vídeo uma tática de "terror psicológico". "Entendemos que haverá mais vídeos como este. O Hamas tenta apresentar-se como uma organização humanitária quando, na verdade, é um grupo terrorista assassino", salientou o porta-voz das FDI, o contra-almirante Daniel Hagari, em declarações reproduzidas pelo jornal "The Times of Israel".
Diversas nacionalidades, incluindo portugueses
Os sequestrados serão de diversas nacionalidades. Segundo levantamento da agência France-Presse (AFP), há cidadãos desaparecidos – e possivelmente alguns reféns – dos Estados Unidos, Tailândia, França, Rússia, Argentina, Ucrânia, Reino Unido, Canadá, China, Roménia, Áustria, Bielorrússia, Filipinas, Peru, Chile, Colômbia, Espanha, Turquia, Alemanha, México, Itália, Paraguai, Sri Lanka e Tanzânia. Alguns destes têm também passaporte israelita.
Há pelo menos cinco luso-israelitas, desaparecidos: Orin Bira, de 53 anos e pai da também luso-israelita Tair Bira, cuja morte foi confirmada no domingo pela Comunidade Judaica do Porto; Gilad Bem Yehuda, de 28 anos; Moshe Saadyan, de 26 anos; Idan Shtivi, de 28 anos; e Liraz Assulin, de 38 anos. Os primeiros quatro nomes foram confirmados pela embaixada de Israel em Lisboa à CNN Portugal, enquanto o último foi acrescentado por um comunicado da Comunidade Judaica do Porto.
Abu Obeida, um porta-voz do Hamas, citado pelo "The New York Times", escreveu na rede de mensagens Telegram que "dezenas de reféns" estão em "sítios seguros e túneis da resistência". O grupo palestiniano alega que os ataques israelitas à Faixa de Gaza foram responsáveis pela morte de pelo menos 22 pessoas sequestradas.
Entre os capturados que estavam nos kibutzes (quintas comunitárias), em bases militares e no festival de música naquela manhã de sábado, há civis, soldados, pessoas com deficiência, crianças, idosos e até mesmo um bebé de nove meses, noticia o mesmo diário norte-americano. Alguns são ativistas favoráveis a causa palestiniana.
Troca de prisioneiros com Israel
Um dos dirigentes do Hamas, Khaled Meshaal, afirmou na segunda-feira que a organização "tem o que precisa" para libertar todos os palestinianos das prisões em Israel, de acordo com a agência Reuters. O braço armado do grupo islamita classificou ainda os reféns não-israelitas como "convidados", que serão soltos "quando as cirscustâncias permitirem".
O Estado judaico trocou mais de mil prisioneiros palestinianos, em 2011, pelo soldado Gilad Shalit, que ficou refém do grupo durante cinco anos. Israel, que julga os palestinianos em tribunais militares, tem atualmente cerca de 5200 detidos em prisões, sendo 170 destes crianças, segundo o canal catari Al Jazeera.
O Governo israelita criou um centro para os familiares dos desaparecidos registarem o nome dos entes. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu encontrou-se no domingo com parentes aflitos e garantiu que um dos seus objetivos é o regresso dos capturados e desaparecidos. O chefe de Governo afastou-se da declaração feita no dia anterior pelo chefe do Conselho de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, que tinha dito que Israel não teria "negociações com um inimigo" que jurara "eliminar da face da Terra".
As conversações, todavia, não estão a acontecer por enquanto, já que ambos os lados não parecem estar dispostos a negociar. Israel tem bombardeado Gaza diariamente, enquanto os palestinianos preparam-se para uma eventual operação terrestre israelita no exclave. O Hamas negou qualquer negociação enquanto os ataques continuarem, ameaçando inclusive matar reféns para cada bombardeamento feito por Israel.