O apoio económico, militar e político fornecido por outros países, como é o caso da China, permite ao Kremlin manter a supremacia desejada dentro e fora das suas fronteiras.
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Há mais de 20 anos a ocupar cargos políticos na Rússia, Vladimir Putin conta com uma rede apoio interna que blinda a sua liderança. No entanto, fora das fronteiras russas, o presidente também semeia ligações que se mostram importantes para a sobrevivência do regime. Com uma guerra às costas e uma longa relação de inimizade com o Ocidente – que só tem tendência a piorar – quem são os atores da comunidade internacional que suportam o patrão do Kremlin?
China
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, a China distanciou-se do contexto de guerra, recusando-se a fornecer apoio militar, porém, sem nunca condenar o “país amigo”.
Se em questões bélicas, Pequim tem tentado ficar à margem das manobras de Moscovo, o mesmo não se poder dizer no âmbito económico. Em 2023, os dois estados realizaram trocas comerciais no valor de 220 mil milhões de euros, mais 26% do que no ano anterior. Os microchips, smartphones, computadores, máquinas industriais e de construção e os automóveis são os produtos chineses mais importados pela Rússia e que têm permitido à economia russa continuar a funcionar com uma certa normalidade apesar das sanções ocidentais.
Por sua vez, Pequim comprou petróleo, carvão, cobre e níquel, garantindo importantes fontes de rendimento ao Kremlin. Perante estas circunstâncias, o gigante asiático tem um interesse claro em impedir uma vitória ucraniana, já que esta fortaleceria o Ocidente e aumentaria o risco da queda de Putin. Para o futuro, os dois parceiros já anunciaram planos para duplicar a capacidade de fornecimento de gás por gasoduto da Rússia à China. A implementação, no entanto, irá demorar algum tempo, e os especialistas concordam que a China exerce todo o peso da sua superioridade procurando colocar a Rússia “de joelhos” e obter preços extremamente vantajosos.
Irão
O Irão tem fornecido, desde o início da guerra na Ucrânia, um apoio militar sem precedentes à Rússia. As entregas de armamento passam, em grande parte, pelo envio de drones kamikaze, que têm aumentado a capacidade de ataque aéreo das forças de Moscovo. Mas não só.
A agência Reuters publicou, recentemente, informações que apontam para o fornecimento de mísseis balísticos iranianos ao Kremlin. O interesse mútuo é evidente. Moscovo precisa urgentemente do material de guerra que Teerão – um forte produtor de drones e mísseis – pode fornecer de forma célere e barata.
Por sua vez, o regime iraniano tem múltiplos interesses, especialmente em termos de fornecimento de tecnologias avançadas à disposição do Kremlin, como é o caso de caças Su-35. Acresce o interesse de Teerão numa maior integração comercial, sobretudo na área do setor automóvel.
Coreia do Norte
Pyongyang é outro grande apoio militar para Moscovo. O regime norte-coreano tem fornecido enormes quantidades de munições - um elemento essencial numa guerra de longo prazo, na qual a rapidez de produção de armamento não acompanha as necessidade no campo de batalha.
A aproximação bilateral foi firmada numa cimeira entre os líderes dos dois países, na qual Kim Jong-un prometeu a Putin que estariam “sempre juntos” na “guerra sagrada” contra o Ocidente. Tal como o Irão, a Coreia do Norte tem interesse num conjunto de capacidades tecnológicas russas. No caso de Pyongyang, cada vez mais empobrecido, as exportações de alimentos em boas condições são fundamentais para a sustentabilidade do país.
Bielorrússia
O estado, que anteriormente integrava a União Soviética, tornou-se num vassalo da Rússia. Sem grande interesse a nível económico e sem capacidade para ceder ajuda militar, a Bielorrússia é importante pela postura fiel que apresenta em relação aos planos políticos de Vladimir Putin.
Tendo em conta que os dois países partilhem fronteira, Minsk tem uma grande importância estratégia para Moscovo, que ficou explícita quando, em fevereiro de 2022, as forças do Kremlin iniciaram a invasão à Ucrânia a partir do território vizinho. Já Alexander Lukashenko, conhecido por reprimir os opositores, ganha ao sentir-se protegido pelo poderoso aliado.
