Não tardaram as reações da comunidade internacional aos atentados desta terça-feira em Bruxelas.
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou ter transmitido ao rei Filipe da Bélgica "o pesar, o repúdio e a solidariedade do povo português" face aos ataques desta manhã em Bruxelas.
Numa declaração no Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa condenou o "atentado cego e cobarde que atingiu o coração da Europa" e defendeu que este é o momento de os europeus se unirem e reafirmarem "a luta pela democracia, pela liberdade, pelos direitos humanos, pela dignidade da pessoa".
O chefe de Estado português referiu que está "a acompanhar atentamente a situação", nomeadamente a situação de uma portuguesa que ficou ferida num dos ataques.
O presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, alertou para os movimentos populistas e extremistas que procuram aproveitar-se de atentados como os de Bruxelas e afirmou que o parlamento português terá "máxima determinação" na defesa da liberdade e da democracia.
A Associação Nacional de Municípios Portugueses considerou que "com os atentados em Bruxelas é toda a Europa que está a ser atacada" e aprovou por unanimidade, em Coimbra, "um voto de solidariedade ao povo belga", e de "repúdio pelos vis atentados ocorridos esta manhã em Bruxelas", disse o presidente da Associação, Manuel Machado
Num telegrama enviado ao arcebispo de Bruxelas, Jozef De Kesel, o papa Francisco "condena novamente a violência cega que causa tanto sofrimento e pede a Deus a dádiva da paz", escreveu, em nome do sumo pontífice, o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin.
"O papa Francisco confia à misericórdia de Deus às pessoas que morreram e junta-se, em oração, à dor dos familiares, manifestando profunda compaixão pelos feridos e familiares, bem como por todas as pessoas que contribuem para as operações de socorro", acrescentou.
Charles Michel, primeiro-ministro belga, lamentou os "numerosos mortos e feridos, alguns gravemente", nos "ataques cegos, violentos e cobardes" . "Receávamos um atentado e ele aconteceu", disse à imprensa, apelando aos habitantes de Bruxelas para que permaneçam calmos.
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou ter ficado "chocado e preocupado". "Faremos tudo o que pudermos para ajudar", escreveu na sua conta na rede social Twitter.
Também o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, salientou esta terça-feira que a Europa está "em guerra" e que para enfrentar a atual ameaça terrorista é necessária a mobilização de todos.
"Estamos em guerra. A Europa sofre desde há varios meses atos de guerra. E perante esta guerra é necessária uma mobilização de todas as instâncias", disse Valls no final de uma reunião do gabinete de crise no Eliseu.
O Presidente norte-americano, Barack Obama garantiu que os Estados Unidos vão fazer tudo ao seu alcance para procurar os responsáveis."Temos de estar juntos, independentemente da nacionalidade, raça ou fé, na luta contra o flagelo do terrorismo. Podemos e vamos derrotar aqueles que ameaçam a proteção e a segurança das pessoas em todo o mundo", afirmou, a partir da capital cubana de Havana, onde hoje termina uma visita oficial de dois dias.
"Faremos tudo o que pudermos para apoiar os nossos amigos e aliados", declarou Obama, que tinha contactado pouco tempo antes o primeiro-ministro belga, Charles Michel, para expressar o apoio norte-americano.
O pré-candidato republicano à Casa Branca Donald Trump afirmou que os Estados Unidos devem estar alerta e "ser inteligentes". "Lembram-se todos de quão bonita e segura era Bruxelas? Já não é. É de um mundo diferente! Os EUA têm de estar vigilantes e inteligentes!", escreveu o magnata norte-americano na sua conta do Twitter.
"Selvagens", foi como o presidente da Rússia, Vladimir Putin, classificou as explosões. "O presidente condenou estes crimes selvagens, expressou as suas condolências ao povo belga, ao rei dos belgas Filipe, e mostrou a sua mais absoluta solidariedade com os belgas nestas horas difíceis", disse aos jornalistas o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Num comunicado difundido pelo Kremlin, Putin afirmou que os atentados "não têm qualquer justificação e demonstram pela enésima vez que o terrorismo não conhece fronteiras e ameaça os povos de todo o mundo".
"A luta contra este mal exige a mais estreita cooperação internacional", sublinhou.
Os 28 chefes de Estado e de governo da UE e os dirigentes das instituições europeias denunciaram os atentados de Bruxelas como "um ataque contra uma sociedade aberta e democrática". "Este foi um ataque contra a nossa sociedade aberta e democrática", consideraram os dirigentes europeus num raro comunicado comum.
Ahmet Dayutoglu, primeiro-ministro da Turquia, lamentou que a rejeição do terrorismo também não abranja o grupo armado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK). "Condenamos os ataques que ocorreram esta manhã em Bruxelas. Prestamos as nossas condolências ao povo belga. Convido toda a humanidade para reagir em uníssono perante todo o tipo de terrorismo", disse Davutoglu em declarações no parlamento, divulgados pela página digital do diário Hurriyet.
O primeiro-ministro também aproveitou para censurar "os académicos" da Turquia que "não disseram uma palavra crítica sobre o PKK", numa referência e uma petição contra a guerra civil no sudeste do país, e assinada por cerca de mil professores universitários turcos.
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro afirmou, através de comunicado, a "sua consternação e condena nos mais fortes termos os cobardes atentados terroristas ocorridos em Bruxelas, na manhã de hoje, que deixaram várias dezenas de vítimas, entre mortos e feridos".
Também o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, condenou os "ataques terroristas". "Estes ataques marcam um novo nível dos terroristas ao serviço do ódio e da violência", afirmou, num comunicado em que se diz chocado com "a perda de várias vidas inocentes e os ferimentos [provocados] a muitas outras" pelas explosões no aeroporto de Zavantem e no bairro europeu da capital belga.
"As instituições europeias estão em Bruxelas graças à generosidade do Governo e do povo belgas. A União Europeia corresponde a essa solidariedade neste momento e vai cumprir o seu papel ajudando Bruxelas, a Bélgica e a Europa no seu conjunto a combater a ameaça terrorista que todos enfrentamos", afirmou.
O Governo sírio considerou que os atentados de Bruxelas são "o resultado inevitável das políticas erradas" e da definição como moderados de alguns grupos extremistas que combatem na Síria. Fonte do ministério dos Negócios Estrangeiros citada pela agência oficial Sana criticou "a identificação dos terroristas com as definições de certas agências e de legislação que os descrevem como organizações terroristas moderadas, quando na realidade são um ramo da fé wahabita takfiri", numa referência à corrente islamita radical patrocinada pela Arábia Saudita.
O rei e a rainha de Espanha manifestaram-se "consternados" e o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, expressou solidariedade com o povo belga. "O medo, o ódio religioso e o racismo não devem vencer na Europa", escreveu Tsipras
A chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, afirmou que "é um dia muito triste para a Europa, no momento em que a Europa e a sua capital sofrem a mesma dor que esta região (do Médio Oriente) conheceu e conhece todos os dias".