O realizador do filme sobre o profeta Maomé que originou os ataques de terça-feira à noite contra missões diplomáticas dos Estados Unidos no Egito e na Líbia abandonou a sua residência e está escondido, noticiou a agência Associated Press.
Corpo do artigo
Num contacto telefónico com a agência, Sam Bacile, 56 anos, falou num tom de desafio e afirmou que o Islão "é um cancro" e que o seu filme pretende ser uma declaração política de condenação da religião.
Manifestantes enfurecidos com o filme "Inocência dos Muçulmanos" atacaram na terça-feira à noite o consulado dos Estados Unidos em Benghazi, no leste da Líbia. O embaixador norte-americano e outros três funcionários da embaixada foram mortos quando se deslocaram a Benghazi para tentar retirar o pessoal do consulado.
No Egito, manifestantes escalaram as paredes da embaixada dos Estados Unidos, no Cairo, e substituíram a bandeira norte-americana por uma bandeira islâmica.
"Este é um filme político", disse Bacile à AP. "Os EUA perderam muito dinheiro e muitas vidas nas guerras do Iraque e do Afeganistão, mas nós lutamos com as ideias".
Bacile, que se identifica como judeu israelita, afirmou que o filme vai ajudar Israel ao expor as falhas do Islão ao mundo. "O Islão é um cancro, ponto final", disse várias vezes.
A produção do filme, de duas horas, custou cinco milhões de dólares e foi financiada com donativos de mais de 100 judeus, segundo Bacile, que o realizou.
As filmagens demoraram três meses, no verão de 2011, e envolveram 59 atores e 45 técnicos.
O filme alega que o profeta Maomé é uma fraude. Segundo a AP, um excerto de 13 minutos colocado no YouTube mostra atores amadores num diálogo pleno de insultos apresentados como revelações sobre Maomé.
Bacile lamentou a morte de quatro norte-americanos na Líbia, mas responsabilizou os manifestantes e falhas na segurança da missão diplomática pelas mortes.
"Penso que o sistema de segurança (nas embaixadas) não serve para nada. Os Estados Unidos deviam fazer alguma coisa para mudar isso", disse.
Bacile disse não saber quem dobrou o filme para árabe, mas que sabe algum árabe para afirmar que a dobragem está correta.