Mais de mil milhões de comprimidos de metanfetaminas foram apreendidos nas zonas leste e sudeste da Ásia, um número recorde que, segundo a ONU, destaca o aumento "assombroso" no comércio regional de drogas sintéticas.
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A produção e comercialização de metanfetaminas estão a aumentar significativamente em países como Camboja, Laos, Vietname, Tailândia e Myanmar, de acordo com um documento do Gabinete de Drogas e Crime da União Europeia (UNODC) publicado a 30 de maio.
O "Triângulo Dourado", nas fronteiras de Myanmar (antiga Birmânia), Laos e Tailândia, tem sido, durante décadas, o ponto nuclear da produção de drogas na região, aponta a Lusa. Foram estabelecidos laboratórios clandestinos em lugares remotos, como selvas, onde se produz droga posteriormente fornecida à Indonésia, Filipinas, Japão, Austrália e Nova Zelândia
Jeremy Douglas, representante da UNODC no sudeste Asiático, afirmou que a questão pode agravar-se, se a região "não mudar a abordagem e se dirigir às raízes que levaram o problema até este ponto".
Os grupos de crime organizado têm tirado proveito do caos da instabilidade política em Myanmar, que fragiliza a segurança nas fronteiras do país, tornando-as de fácil exploração. Este fator, juntamente com a pandemia de covid-19, são a combinação perfeita para as organizações criminosas desenvolverem as suas atividades.
"O crime organizado tem todos os ingredientes necessários para continuar a expandir os negócios, incluindo território para produzir, acesso a produtos químicos, rotas de tráfico estabelecidas, relacionamentos para movimentar produtos e uma população massiva com poder de compra para atingir " disse Douglas.
Com a abundância de oferta, os preços diminuem, tornando os estupefacientes mais acessíveis e gerando mais consumidores.
O sudeste Asiático é conhecido por ser uma das regiões com algumas das leis mais rigorosas relativamente à droga, existindo mesmo pena de morte para alguns crimes.
A metanfetamina ultrapassou o ópio e a heroína, e é agora um negócio multimilionário enquanto droga preferida para consumo e exportação na região com mais de 680 milhões de pessoas. Os serviços adequados de saúde e redução de danos são muito limitados, o que representa consequências sociais.