O rei de Espanha, Felipe VI, elogiou "o compromisso com os mais desfavorecidos" e os esforços para alcançar consensos do secretário-geral das Nações Unidas e antigo primeiro-ministro de Portugal, António Guterres.
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"São incansáveis os seus esforços por conseguir mais consensos, por congregar mais compreensão e mais vontades para enfrentar os enormes desafios globais sem renunciar aos altos princípios éticos e morais que estão tanto na origem como no desenho da organização [das Nações Unidas], casa comum de todas as Nações, como na trajetória pessoal de serviço e entrega ao seu país, à Europa e agora ao multilateralismo que também representa a ONU", disse Felipe VI.
O rei de Espanha falava em Cuacos de Yuste, na região espanhola de Cáceres, na cerimónia de entrega do Prémio Europeu Carlos V a António Guterres, em que estiveram também presentes o presidente da República e o primeiro-ministro de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa.
Felipe VI considerou que Guterres "tem estado sempre ao serviço dos melhores valores para tentar alcançar consensos", além de ter como "constante na sua extensa trajetória" um "compromisso com os mais desfavorecidos, com os mais vulneráveis".
"Continua a lembrar-nos, com razão, que os problemas globais de toda a índole só têm solução a partir do multilateralismo e da cooperação, que, como ele próprio defende, não são uma opção, mas uma necessidade", afirmou.
O rei de Espanha lembrou que o Prémio Europeu Carlos V distingue personalidades que contribuem para o avanço da construção europeia, sobre valores como a liberdade, a justiça, a solidariedade, a democracia e a paz, que são igualmente princípios consagrados na Carta das Nações Unidas.
"Palavras, conceitos, valores e ideais que hoje, perante o horror da guerra no nosso continente, às portas da União Europeia, ressoam com maior força e lembram-nos da importância do que foi conseguido e do que está por terminar na nossa aspiração", acrescentou.
"Não podemos estar mais de acordo com o secretário-geral [da ONU] quando sugere que temos de reconstruir a confiança entre os estados-membros das Nações Unidas, entre as gerações presentes e futuras, para atualizar os valores e princípios da Carta das Nações Unidas", afirmou ainda Felipe VI, num discurso em que disse algumas frases em português.
António Guterres recebeu o 16.º Prémio Europeu Carlos V, que o júri lhe atribuiu "pela sua acreditada, ampla e longa trajetória de vida dedicada ao compromisso social, ao processo de construção europeia, à promoção do multilateralismo e à dignidade humana como núcleo do seu trabalho, abordando desafios e crises globais".
Para o júri do prémio, o ex-primeiro-ministro português tem sido "uma figura fundamental para enfrentar um período de mudanças sem precedentes e com terríveis consequências para a Europa e para o mundo".
O prémio é atribuído pela Fundação da Academia Europeia e Ibero-americana de Yuste, que tem como "presidente de honra" o Rei Felipe VI e já distinguiu outros dois portugueses, o ex-Presidente da República Jorge Sampaio (em 2004) e o ex-primeiro-ministro e antigo presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso (em 2014).
Jacques Delors, Wilfried Martens, Felipe González, Mikhail Gorbachev, Helmut Kohl, Simone Veil, Javier Solana e Angela Merkel foram outras personalidades anteriormente galardoadas com este prémio.
A entrega do galardão coincide com o Dia da Europa, uma efeméride celebrada em 09 de maio que assinala a histórica "Declaração Schuman [Robert Schuman, o ministro dos Negócios Estrangeiros de França em 1950]", considerada como o momento fundador da atual União Europeia.