
O secretário de Estado do Interior do Reino Unido, Dan Jarvis
Foto: AFP
O Governo britânico afirmou, esta terça-feira, que a China está a tentar "recrutar e cultivar indivíduos com acesso a informações confidenciais sobre o Parlamento e o governo" do Reino Unido.
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Numa declaração aos deputados, o secretário de Estado do Interior, Dan Jarvis, indicou que o risco foi identificado pelo serviço de segurança britânico MI5, que emitiu um "aviso de espionagem" por agentes chineses a membros e funcionários do Parlamento.
Esta operação está a ser "realizada por um grupo de agentes dos serviços secretos chineses, muitas vezes mascarados pelo uso de empresas de fachada ou recrutadores de recursos humanos externos", indicou.
Meios de comunicação social britânicos indicaram que em causa estão abordagens através da rede social LinkedIn.
Além dos deputados e funcionários, em risco estão também outras pessoas com acesso ao governo e a políticos, como economistas, analistas, investigadores, consultores, académicos e funcionários públicos.
"Peço a todos os parlamentares e funcionários para terem cuidado, pois a China tem um limiar baixo para o que é considerado informação valiosa e vai reunir informações individuais para elaborar um cenário mais completo", alertou Jarvis.
O secretário de Estado responsável pela pasta da Segurança disse não duvidar de que "esta atividade representa uma tentativa secreta e calculada por parte de uma potência estrangeira de interferir os assuntos internos britânicos para bem dos próprios interesses".
O responsável lembrou outros incidentes cuja responsabilidade é atribuída à China, como o acesso a emails de deputados em 2021 e casos de interferência por parte de indivíduos próximos de políticos.
Jarvis prometeu tomar "todas as medidas necessárias para proteger os interesses, os cidadãos e o estilo de vida democrático, incluindo a colaboração com os aliados" do Reino Unido.
Além de um investimento de 170 milhões de libras (193 milhões de euros) em "tecnologia de encriptação" para proteger comunicações governamentais contra espionagem, o Governo pretende tomar outras medidas para combater "interferência política e espionagem".
Entretanto, adiantou que falou com o homólogo chinês a 6 de novembro sobre a situação e deixou "claro que qualquer atividade que ameace a segurança nacional, particularmente em relação ao parlamento e à democracia do Reino Unido, não será tolerada".
Pequim nega acusações
Um porta-voz da embaixada da China em Londres classificou acusações das autoridades britânicas de espionagem a parlamentares por Pequim como "pura invenção" e constituem "calúnias maliciosas".
"Estas afirmações por parte do Reino Unido são pura invenção e calúnias maliciosas. Condenamos veementemente estas manobras desprezíveis por parte do Reino Unido", afirmou o porta-voz, numa declaração publicada na página de Internet da embaixada. "Exortamos o Reino Unido a cessar imediatamente esta farsa de falsas acusações e auto-engrandecimento, e a deixar de seguir o caminho errado de comprometer as relações entre a China e o Reino Unido", acrescentou.
