O Instituto para a Economia e Paz (IEP) publicou hoje o relatório anual "Índice Global da Paz" (GPI, na sigla em inglês), relativo a 2022, e alerta que as mortes em combates armados no ano passado registaram os mais altos números desde 1994. As vítimas de guerra aumentaram 96% em relação a 2021, com 238 mil mortes.
Corpo do artigo
O IEP, que tem a sua sede em Sydney, enfatizou o significativo aumento da violência em países como Etiópia, Myanmar e Mali, além da invasão da Ucrânia, no ano passado, tornando o ano de 2022 o mais mortal desde 1994 - neste ano, de acordo com as Nações Unidas, quase um milhão de pessoas foram mortas só no genocídio do Ruanda, entre abril e julho.
O relatório refere que, mesmo ao excluir a violência no território ucraniano, assinalou-se uma escalada nos conflitos armados desde 2019. As mortes relacionadas com combates aumentaram cerca de 45% no ano anterior à invasão russa da Ucrânia, com mais de 100 mil mortes registadas em 2021.
Em relação ao Myanmar, mergulhado no caos após o golpe militar, no início de 2021, o IEP indicou um expressivo crescimento de 87% nas mortes causadas por conflitos armados em 2022, em comparação ao ano anterior, à medida que a resistência ao regime da junta militar se organiza e se militariza. No Mali, houve um aumento de 154% nas mortes relativas a combates no ano passado.
Já na Etiópia, só entre agosto e outubro de 2022, os confrontos violentos no Tigray assinalaram mais de 100 mil mortes. Neste ano, além da permanência dos conflitos violentos, denúncias contra as autoridades regionais surgiram, após alegadas acusações de desvio de milhares de toneladas de alimentos pelas entidades federais, segundo a agência Lusa.
O relatório do IEP também destaca algumas reduções consideráveis, como no Afeganistão. A retirada das tropas norte-americanas e a ascensão dos Talibã ao poder alteraram o cenário no país. Nenhum Estado reconheceu os Talibã como Governo legítimo em Cabul, embora nem Pequim nem Moscovo tenham retirado os seus diplomatas do país, que registou a maior diminuição no número de vítimas por conflitos violentos em 2022, com um decréscimo de mais de 90% nas mortes - de quase 43 mil para pouco mais de 4000 mortes.