Resgate impossível. Alpinista russa deixada a morrer na montanha após partir a perna

Natalia Nagovitsyna tem 47 anos
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As tentativas de resgate da alpinista russa Natalia Nagovitsyna, que há 15 dias partiu uma perna enquanto descia o Pico Pobeda, na fronteira entre o Quirguistão e a China, terminaram. A aventureira, de 47 anos, está "presa" numa barraca a 7150 metros de altitude, quase sem comida e sem forma de derreter a neve para se hidratar, com temperaturas de -30º.
As condições meteorológicas são tão adversas que as autoridades do Quirguistão decidiram suspender todos os esforços, apesar do apelo desesperado do filho da alpinista, que recordou, nas redes sociais, que a mãe "ainda está viva". Segundo os especialistas, eram necessários 20 socorristas para a resgatar, numa montanha tecnicamente complexa, que obriga a um longo percurso exposto a avalanches, fendas, cumes instáveis e um longo histórico de tragédias.
Uma semana após o acidente, um drone confirmou que Nagovitsyna estava viva. Mas o último contacto humano que a russa teve foi no dia seguinte ao da queda. Um amigo, o alpinista italiano Luca Sinigaglia, e outro montanhista alemão conseguiram chegar até ela, deram-lhe um saco de dormir, comida e um cilindro de gás. Contudo, o terreno acidentado e as condições da montanha não permitiram que a dupla conseguisse resgatá-la. No dia seguinte, voltaram a tentar e, sem sucesso, decidiram descer, numa tentativa de sobrevivência. Mas uma tempestade com ventos semelhantes ao de um furacão matou Sinigaglia, enquanto o alpinista alemão se arrastou até ao acompamento-base.
A 20 de agosto, um grupo de quatro montanhistas partiu numa nova tentativa de resgate, sendo que, segundo vários meio russos, não conseguiu passar sequer do acampamento 2. O mau tempo bloqueou todos os esforços, com as autoridades a anunciarem que só poderiam ir buscar os restos mortais de Natalia na primavera.
A crueldade do caso faz recordar outra situação trágica, também protagonizada por Nagovitsyna. Em 2021, no Khan Tengri, o terceiro ponto mais alto do Quirguistão, o marido da russa, Sergey, sofreu um AVC, perto da marca dos sete mil metros de altitude. Incapaz de o ajudar a descer, Natalia não o abandonou até ter a certeza de que estava morto, ignorando todos os apelos dos alpinistas. Um ano depois, a russa alcançou o cume daquela montanha, colocou uma placa em memória do marido e continuou a luta pela conquista do prémio "Leopardo das Neves", atribuído aos alpinistas que escalam os cinco picos mais altos da antiga União Soviética.
O local onde Nagovitsyna está presa é servido apenas por helicópteros antigos e pesados, sem capacidade para resgates em elevadas altitudes. Aliás, um dos helicópteros enviados pelo Exército Russo caiu, devido ao mau tempo, a cinco mil metros de altitude, sem mortes a registar.

