O responsável da ONU para a ajuda aos refugiados palestinianos alertou, esta quinta-feira, perante o Conselho de Segurança que a população palestiniana da Faixa de Gaza "está à beira do precipício", quando se intensifica o ataque militar israelita iniciado em 8 de julho.
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"Acredito que a população enfrenta um precipício e apelo à comunidade internacional que adote as medidas necessárias para enfrentar esta situação extrema", referiu por videoconferência, a partir de Gaza, Pierre Krähenbühl, o chefe da agência da ONU para a ajuda aos refugiados palestinianos (UNRWA).
A agência, vocacionada para fornecer ajuda e proteção a cerca de cinco milhões de refugiados palestinianos disseminados por esta região do Médio Oriente, referiu que 220 mil civis palestinianos de Gaza já foram acolhidos nos 85 estabelecimentos da organização em funcionamento no enclave.
Na sua exposição perante o Conselho de Segurança da ONU, Krähenbühl referiu que as condições de vida destes refugiados "são cada vez mais precárias" e sublinhou que "milhares de mulheres refugiadas nas nossas escolas estão grávidas".
O responsável da UNRWA disse ainda recear um novo afluxo de civis em direção aos refúgios da ONU já superlotados, na sequência dos últimos avisos emitidos por Israel aos civis para que abandonem as suas casas.
Após apelar a "todas as partes a respeitarem a inviolabilidade das instalações da ONU", o chefe da agência exigiu um "cessar-fogo imediato e sem condições" e considerou que "o bloqueio ilegal a Gaza deve terminar".
UE condena bombardeamentos
Também a chefe da diplomacia da União Europeia (UE) condenou em comunicado o bombardeamento na quarta-feira de uma das escolas da UNRWA em Gaza e exigiu um inquérito imediato para encontrar os responsáveis desta ação "inaceitável".
"Condenamos os bombardeamentos de uma escola da ONU na Faixa de Gaza e de um mercado de Chajaya (subúrbio da cidade de Gaza). É inaceitável que civis deslocados, que tinham encontrado refúgio em zonas protegidas pela ONU após serem forçados a abandonar as suas casas pelo exército israelita, tenham sido mortos. Estas ações devem implicar um inquérito imediato", refere Catherine Ashton.
EUA deram armas e munições a Israel
No campo diplomático, e de visita à Índia, o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, declarou que mantém a esperança de um cessar-fogo em Gaza mas sem arriscar datas, e confirmou um "contacto telefónico permanente" com os restantes mediadores internacionais. "Os Estados Unidos mantêm a esperança de que possa ser obtido [o cessar-fogo] e quanto mais cedo melhor", assinalou.
No entanto, Israel anunciou a mobilização de mais 16 mil reservistas no âmbito da sua ofensiva terrestre no pequeno enclave com 1,8 milhões de habitantes, enquanto os Estados Unidos confirmaram ter reabastecido o Exército israelita com armas e munições, algumas horas após condenarem o ataque à escola da ONU em Gaza.
"Os Estados Unidos estão empenhados em garantir a segurança de Israel, e é crucial para os interesses nacionais americanos ajudar Israel a desenvolver e manter uma capacidade de autodefesa forte e reativa", referiu em comunicado um porta-voz do Pentágono, John Kirby. "A venda deste armamento é coerente com estes objetivos", considerou.
Após 24 dias de um conflito devastador entre Israel e o Hamas, a fação palestiniana que controla a Faixa de Gaza, o balanço do lado palestiniano situa-se em cerca de 1400 mortos e mais de 8100 feridos, na larga maioria civis. Segundo a Unicef, já foram mortas 245 crianças.
No lado israelita, 56 soldados morreram desde o início da ofensiva terrestre em 17 de julho, enquanto os disparos de 'rockets' palestinianos desde o início do conflito provocaram três vítimas em Israel - dois israelitas e um tailandês.