Dois adolescentes de 13 anos foram, a 18 de junho, acusados de violação, ameaças de morte, insultos e violência antissemita contra uma menina judia de 12 anos em Courbevoie, França. Um terceiro jovem, de 12 anos e origem portuguesa, terá sido o principal responsável pelo ataque.
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Os factos ocorreram na noite de 15 de junho em Courbevoie, a norte de Paris, quando a menina foi levada pelo menor de origem portuguesa até a uma zona abandonada. A vítima relata que foi abordada por mais dois adolescentes.
O suspeito de 12 anos manteria uma relação com a vítima, de acordo com a Europe 1. O rapaz era cristão, mas ter-se-á convertido ao islamismo recentemente. Durante o início da relação, a menina não terá revelado a sua religião e terá dito que era muçulmana. Mais tarde, possivelmente por ter descoberto que a parceira era judia, o rapaz bloqueou-a nas redes sociais. No entanto, esta teoria ainda não foi confirmada pelas autoridades francesas.
Segundo o mesmo órgão de comunicação, terá sido este o rapaz que levou a vítima para o local do crime, onde a terá agredido sexualmente. A menina relata que o agressor de origem portuguesa a chamou "judia suja" e a acusou de defender Israel. O suspeito estará bastante comprometido com a causa palestiniana, tendo já partilhado vários conteúdos relativos ao tema nas redes sociais.
No depoimento, a menina relata que os agressores "forçaram penetrações anais e vaginais, além de sexo oral, enquanto a ameaçavam de morte e proferiam insultos antissemitas", segundo declarações de uma fonte à AFP. A vítima também realça que as agressões foram filmadas.
Os dois adolescentes de 13 anos foram acusados de violação, ameaças de morte, insultos e violência antissemita, de acordo com o Ministério Público de Nanterre. Já o rapaz de 12 anos foi constituído testemunha ocular da violação e acusado dos restantes crimes, devido a restrições legais relacionadas com a idade.
As agressões têm sido tema da campanha para as eleições legislativas em França, com declarações de vários líderes políticos.
O presidente da República francês, Emmanuel Macron, condenou o "flagelo do antissemitismo" e exigiu "um período de debates" nas escolas sobre o racismo e o antissemitismo, para que "os discursos de ódio com consequências graves não se infiltrem" nos estabelecimentos de ensino.
Já a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, associou diretamente o crime àquilo a que chamou "a estigmatização dos judeus" pela "extrema-esquerda". Segundo Le Pen, "a explosão de atos antissemitas deve alertar todos os franceses: a estigmatização dos judeus desde há meses pela extrema-esquerda através da instrumentalização do conflito israelo-palestiniano é uma verdadeira ameaça à paz civil".
Desde o ataque do grupo islamita palestiniano Hamas, a 7 de outubro, em Israel, os atos antissemitas dispararam em França, que abriga a maior comunidade judaica da Europa. O primeiro trimestre de 2024 registou um aumento de 300% em relação ao período homólogo de 2023, segundo dados oficiais consultados pela AFP.