Começou esta quinta-feira a reunião do Conselho Europeu, em que se espera que um texto a pedir "pausas humanitárias" na Faixa de Gaza seja assinado pelos 27 Estados-membros. O apelo surge após muitas discussões diplomáticas, inclusive em relação ao uso do termo "pausas".
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A reunião em Bruxelas terá como tema principal o conflito no Médio Oriente. Os líderes europeus tentam chegar a um consenso no pedido por uma suspensão dos ataques de rockets do Hamas e dos bombardeamentos israelitas em Gaza, que vive uma crise humanitária.
Segundo o jornal britânico "The Guardian", o texto final será: "O Conselho Europeu expressa a sua mais profunda preocupação com a deterioração da situação humanitária em Gaza e apela ao acesso e à ajuda humanitários contínuos, rápidos, seguros e sem entraves para chegar às pessoas necessitadas através de todas as medidas necessárias, incluindo corredores e pausas humanitárias".
A dificuldade de uma posição comum é evidenciada pelo uso da palavra "pausas" no plural. A ideia de uma única pausa é vista como um impedimento do direito de autodefesa de Israel e uma oportunidade para o Hamas recuperar-se. "Uma pausa significa que ambos os atores param definitivamente, enquanto pausas são temporárias. São intervalos curtos de algumas horas, para conseguir ajuda humanitária", afirmou um diplomata à BBC.
A Alemanha, Áustria, Itália, Hungria e Chéquia opõem-se a uma única suspensão do conflito, com Berlim a defender o uso do termo "pausas" ou "janelas". Já países como Espanha, Irlanda e Portugal, ecoando o discurso das Nações Unidas, apelam a um cessar-fogo.
"Letras, vírgulas, linguagem importam, e é assim que encontra acordos", disse um funcionário da União Europeia (UE), citado pela agência France-Presse (AFP). Já diplomatas de alguns países-membros, referidos também pela AFP, acreditam que esse atraso afeta a posição do bloco no Mundo em face do desenvolvimento dos acontecimentos.
A falta de unidade não significa, no entanto, uma ausência de preocupação. "Este é um conflito aberto que afeta toda a sociedade europeia e causa agitação em várias cidades europeias", afirmou outro funcionário da UE, citado pelo portal Politico. "É claro que isso domina as mentes dos líderes", acrescentou.
Ucrânia e imigração
O encontro terá ainda a presença, por videoconferência, do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky. O bloco deve reforçar o apoio a Kiev e discutir planos para a reconstrução da Ucrânia, especialmente com os ativos russos que se encontram congelados.
Outro tema em debate na agenda é o pacto migratório apresentado pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que inclui uma resposta unificada dos países da UE relativamente à gestão dos imigrantes. A proposta, no entanto, deve ser votada apenas na próxima reunião, em dezembro.
Na sexta-feira, os assuntos a serem discutidos serão no âmbito económico. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e do Eurogrupo, Paschal Donohoe, estarão presentes.