A Roménia encerrou, esta sexta-feira, o porto fluvial de Isaccea pela segunda vez em menos de duas semanas, devido a um novo ataque russo no lado ucraniano do rio Danúbio, anunciou a guarda costeira romena.
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O ataque visou o porto de Orlovka, a seis quilómetros de Isaccea, e destruiu um silo de cereais e nove camiões, segundo o chefe da administração militar da região ucraniana, Oleg Kiper.
A Roménia integra a aliança militar da NATO (sigla inglesa da Organização do Tratado do Atlântico Norte).
"A circulação na travessia transfronteiriça de Isaccea está suspensa na sexta-feira, na sequência de ataques de drones [aparelhos não tripulados] durante a noite no lado ucraniano do Danúbio", disse a guarda costeira à agência noticiosa local Agerpres.
Os dois ferries que asseguram a travessia de uma margem do Danúbio para a outra estavam ancorados do lado romeno, disse a mesma fonte, segundo a agência espanhola EFE.
Os meios de comunicação social romenos divulgaram imagens a partir da fronteira romena de uma explosão ocorrida no porto de Orlovka.
Uma situação semelhante levou à suspensão do tráfego fluvial entre os dois países em 26 de setembro.
Os ataques russos contra portos ucranianos no Danúbio repetiram-se ao longo de setembro e, em pelo menos duas ocasiões, foram encontrados fragmentos de drones russos do lado romeno, o que significa em território da NATO.
Os incidentes levaram a Roménia a ativar alertas telefónicos para avisar os residentes nas zonas fronteiriças de possíveis riscos, bem como a construção de dois abrigos antiaéreos na cidade de Plauru.
Segurança alimentar global em perigo
A Rússia intensificou os ataques contra os portos fluviais no oeste da Ucrânia depois de ter suspendido, em julho, a participação nos acordos que permitiam a exportação de cereais ucranianos bloqueados pela guerra.
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm acusado a Rússia de pôr em perigo a segurança alimentar global ao tentar impedir a saída de cereais do país que invadiu em 24 de fevereiro de 2022.
A Rússia anunciou, esta sexta-feira, conversações sobre os cereais com a ONU na próxima semana, em Moscovo.
Do lado da ONU, participam o subsecretário-geral para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, e a secretária-geral da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), Rebeca Grynspan.
A ONU assinou os acordos com os dois países em guerra e com a Turquia em julho de 2022.
Em cerca de um ano, mais de 32 milhões de toneladas de produtos alimentares saíram de três portos ucranianos do Mar Negro para 45 países em três continentes, segundo a ONU.
Moscovo suspendeu o acordo em 17 de julho, por considerar que os países ocidentais não desbloquearam os obstáculos logísticos e bancários à exportação de produtos agrícolas e fertilizantes russos, como estava previsto.
Tais obstáculos resultam das sanções impostas à Rússia por ter invadido a Ucrânia.
O acordo é considerado crucial para a segurança alimentar mundial.
Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia forneciam, em conjunto, 28% do trigo consumido no mundo, 29% da cevada, 15% do milho e 75% do óleo de girassol, segundo a revista britânica The Economist.