O candidato presidencial republicano, Mitt Romney, acusou, esta quarta-feira, o presidente norte-americano, Barack Obama, de ter permitido um aumento do défice público que coloca o país "no caminho da Grécia".
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No segundo debate presidencial entre os candidatos, em Hempstead (Nova Iorque), Obama pôs em causa a "as contas de somar" do plano de Romney para diminuir o défice e cortar impostos ao mesmo tempo, ao que o republicano respondeu com o seu historial de "equilibrar orçamentos" de empresas ou do Massachusetts, de que foi governador.
"Já que falamos de contas que não dão certo, que tal o défice atual de 14 biliões de dólares?", disse Romney, lembrando que o presidente prometeu cortá-lo, mas no entanto este duplicou desde que tomou posse.
Na atual trajetória, disse Romney, o défice irá escalar para 20 biliões de dólares se Obama for reeleito, o que coloca o país "no caminho da Grécia", que teve de pedir um resgate internacional.
No debate anterior, em Denver, Romney havia evocado o exemplo da Espanha para ilustrar a questão da insustentabilidade da dívida norte-americana.
Depois de Romney ter ganho o primeiro debate, Obama mostrou hoje uma postura mais agressiva, com ataques do princípio ao fim, em hora e meia de troca de argumentos.
O formato foi diferente, sendo as perguntas feitas por um grupo de eleitores independentes e podendo os candidatos levantar-se e dirigir-se diretamente a eles ao responder.
Ambos disseram querer baixar a carga fiscal sobre a classe média, mas Obama caraterizou o plano de Romney para o orçamento como uma "negociata" que vai pesar sobre o défice.
Isto porque, disse, a redução dos impostos, somada à extensão das isenções fiscais para grandes contribuintes, mais gastos previstos para a Defesa, custa oito biliões de dólares, que Romney não diz como serão compensados.
"Vocês vão pagar isto, vão perder deduções fiscais. (...) Ninguém acredita nesta soma, é conversa de vendedor", disse Obama.
A solução da sua administração, afirmou, é colocar os ricos "a pagar um pouco mais" e usar a poupança com o fim das guerras no Iraque e Afeganistão e investir no país.
Para Romney, "os gastos e empréstimos do presidente vão levar a obrigar a pagar mais impostos".
O ex-governador criticou duramente o presidente pelo crescimento económico lento e elevado desemprego, defendendo as suas credenciais como gestor com experiência no setor privado para relançar a economia.
Lembrou por várias vezes que 23 milhões de norte-americanos estão desempregados e que a taxa de desemprego seria de 10,7%, se contabilizados os que saíram do mercado de trabalho desde 2008.
Obama respondeu com os cinco milhões de empregos criados no setor privado nos últimos quatro anos e atacou Romney por ter defendido no pico da crise da indústria automóvel que era melhor deixar estas empresas entrar em falência.
Romney respondeu que defendeu a necessidade de "um processo" de falência para a recuperação das empresas, o que a administração Obama acabou por fazer.
Num duro ataque ao candidato republicano, Obama disse que o "ponto único" do "plano de cinco pontos" de Romney para retoma da economia é criar regras mais vantajosas para "as pessoas do topo", em prejuízo da classe média.
Para o republicano, a classe média foi "esmagada" nos últimos quatro anos, com quebra de rendimentos, e subida de preços da gasolina, alimentação e seguros saúde.