O austríaco e o italiano que constam a lista de passageiros do avião da Malásia Airlines, que se terá despenhado no mar, sexta-feira à noite, não seguiam a bordo. Governos dizem que, em ambos os casos, os passaportes foram roubados na Tailândia. Serviços Secretos dos EUA dizem que isso não significa necessariamente que tenha ocorrido um acto terrorista.
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É mais um caso a adensar o mistério em torno do desaparecimento do voo MH370 da Malásia Airlines, que se presume tenha caído ao mar, sexta-feira à noite, ao largo do Vietname. Dois dos passageiros listados pela companhia como seguindo a bordo do Boeing 777-200 não seguiam viagem. Em ambos os casos, os passaportes foram roubados na Tailândia.
"A nossa embaixada foi informada de que um austríaco estaria a bordo do avião da Malásia Airlines, mas o nosso sistema reportou que o passaporte desse cidadão estava dado como roubado", disse um porta-voz do Governo da Áustria.
Segundo a Reuters, a polícia encontrou o homem em casa, em Viena, são e salvo, bem longe do local onde o avião se terá despenhado.
O italiano Luigi Maraldi, de 37 anos, listado como passageiro do voo MH370, também não estaria a bordo. Segundo o jornal "Corriere de la Serra", o passaporte foi-lhe roubado na Tailândia, em agosto passado.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros de Itália não comentou as informações daquele diário italiano, apenas se limitou a informar que não há, efetivamente, nenhum italiano a bordo do avião da Malásia Airlines, apesar de aparecer um italiano na lista de passageiros.
Um oficial europeu ligado ao contra-terrorismo revelou que Maraldi ligou para os pais, a partir da Tailândia, onde está de férias, quando soube que alguém com o mesmo nome estaria a bordo do voo MH370.
Segundo este responsável, que falou sob a condição de anonimato, Maraldi deu o passaporte como roubado em agosto. O mesmo oficial ficou surpreendido pela possibilidade de alguém conseguir embarcar com passaporte falso, visto que o sistema da companhia devia emitir um alerta em casos destes.
"Neste momento, não identificamos a situação como um acto de terrorismo", disse um responsável dos serviços secretos norte-americanos. "Apesar da questão dos passaportes roubados ser interessante, isso não significa necessariamente que se trata de um acto de terrorismo", acrescentou, ao New York Times, sob a condição de anonimato, visto que a investigação está a decorrer.
"Não estamos a excluir nenhuma possibilidade", admitiu o chefe-executivo da Malásia Airlines, Ahmad Jauhari Yahya, numa conferência de imprensa em Kuala Lumpur.
Pressionado sobre a possibilidade de ter exisitido uma falha de segrança que teria permitido a alguém viajar com passaporte falso, um porta-.voz da companhia repetiu, várias vezes, que não havia qualquer confirmação das autoridades malaias de que tal tinha acontecido.
A eventualidade de alguém viajar com passaportes falsos pode ser, também, uma explicação possível para os dois nomes nomes rasurados na lista de passageiros publicada na China.
O incidente, revelado pela Agência Reuters, é visto pela imprensa local como uma forma de esconder os nomes de dois uigures, membros da a maior etnia do Xinjiang, de religião muçulmana e cultura turcófona, de ondem provêm os suspeitos de vários atentados na China, o mais recente conhecido em Kunming, que causou 29 mortos e 143 feridos.